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Os veículos movidos a energia elétrica já são uma realidade em muitos países do mundo. No Brasil, esse mercado tem projeção de chegar a 30 mil unidades nos próximos 5 anos. Em 2018, a frota de veículos elétricos e híbridos no país era de 10.590 unidades, representando 0,05% da frota total de veículos existentes, segundo dados do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE). No entanto, para que esse mercado deslanche, a infraestrutura de carregadores precisa chegar primeiro.
“A nossa missão é inundar o planeta com carregadores elétricos para viabilizar a adoção do carro elétrico”, disse Leandro Abreu, diretor Global de Operações da Enel X, braço do grupo Enel focado em inovação e tecnologia. “Esse é o nosso sonho, a gente entende que o carro elétrico é realidade e um elemento fundamental para o desenvolvimento do planeta. Mas tem uma questão: se eu compro um carro elétrico, onde eu vou carregar?”, provocou o executivo.
O setor de transportes é um dos maiores emissores de gases poluentes que impactam negativamente o meio ambiente. O veículo elétrico, por tanto, é uma tendência global no contexto da transição para fontes de energia menos poluentes. Estima-se que eletricidade representará 40% do consumo global de energia até 2040.
Para Abreu, se a infraestrutura chegar primeiro, o mercado de veículos elétricos acontecerá naturalmente. “O carro elétrico aparecendo, a gente começa a reequilibrar o consumo de energia do planeta e as emissões de CO2 “, disse o executivo.
A oferta de serviços de mobilidade também faz parte de uma estratégia da Engie, líder global no setor de recarga de veículos elétricos com cerca de 80 mil equipamentos instalados no mundo. Segundo o CEO da Engie Soluções, Leonardo Serpa, a empresa tem “conversas avançadas” com montadoras e redes de postos de combustíveis para instalar seus primeiros carregadores elétricos entre as regiões Sudeste e Sul do Brasil.
De acordo com Serpa, há estudos para a instalação dos equipamentos em locais pontuais, como shoppings, aeroportos e concessionárias de ônibus. “Estamos conversando com clientes grandes para instalar essa rede de carregadores”, disse Serpa. “Com certeza vai ter novidade em 2020”, acrescentou. A infraestrutura a ser implantada pela Engie no Brasil será para carros, mas há conversas para projetos para ônibus elétricos.
Segundo o CBIE, os VEs são itens de luxo no país. Os preços de entrada dos carros elétricos no Brasil partem de R$ 125 mil. Em 2018, os veículos acima dessa faixa de preço representaram apenas 4,5% do total de vendas no país.
Além da falta de infraestrutura para os carros elétricos e dos preços altos, o Brasil possui uma frota de veículos menos poluente dada a elevada participação do etanol entre os combustíveis utilizados. “A questão do etanol acaba sendo um competidor para o carro elétrico”, reconhece Serpa. “O etanol é uma energia mais limpa do que a gasolina. O grande potencial desse energético no mercado brasileiro, portanto, acaba criando essa competição”, explicou.
O Brasil também precisa amadurecer a regulação para esse mercado. No início deste ano, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) editou um regulamento que criou uma base legal para que os carregadores possam ser alimentados pela rede elétrica da concessionária local. Além disso, foi definido que o carregador não poderá ser exclusivo para o uso de apenas marca.
“A gente não tem dúvida que o veículo elétrico vai acontecer no Brasil e terá um crescimento exponencial, e a Engie quer liderar esse processo”, afirmou Serpa.
Desde julho deste ano, já é possível fazer uma viagem entre São Paulo e Rio de Janeiro com um veículo elétrico. Com investimento de R$ 1 milhão, o maior corredor de com postos de carregamento para carros elétricos da América Latina foi uma iniciativa da EDP Brasil, em parceria com BMW Group Brasil e apoio da rede Ipiranga. O tempo estimado para o abastecimento de um veículo com bateria de 22 kWh é de 25 minutos para 80% da carga. O abastecimento pode ser feito por até dois veículos ao mesmo tempo em cada uma das seis estações.
No início de setembro, a Aneel aprovou 38 propostas do Projeto Estratégico de Pesquisa e Desenvolvimento de Soluções em Mobilidade Elétrica Eficiente, perfazendo um total de R$ 463,8 milhões em investimentos para os projetos.
O tema da mobilidade elétrica está em estudo pelo regulador desde 2017, ganhando impulso em 2018, quando entrou em vigor a Resolução Normativa nº 819/2018, primeira regulamentação sobre a recarga de veículos elétricos por agentes interessados na prestação desse serviço, como distribuidoras, postos de combustíveis, shopping centers, empreendedores, entre outros.