O Lactec está finalizando uma pesquisa, contratada pela CTG Brasil, para o desenvolvimento de uma metodologia de monitoramento ambiental para reservatórios de hidrelétricas, integrando tecnologias de sensoriamento remoto e modelagem hidrodinâmica. A proliferação desordenada de plantas aquáticas (macrófitas) pode causar obstrução da passagem de água e danificar as turbinas. Na fase atual do projeto, os pesquisadores em tecnologia da informação trabalham na codificação do sistema, aprimorando a interface gráfica e desenvolvendo o mecanismo de alerta. A pesquisa deverá ser concluída no início de 2020.

A metodologia consiste na coleta periódica de imagens de satélite (multiespectrais e gratuitas), que permitem identificar, de forma automática, as áreas ocupadas por plantas flutuantes, emergentes e submersas. Complementarmente, há sistemas de monitoramento dos indicadores físico-químicos de qualidade da água e de modelagem dos parâmetros hidrológicos e hidrodinâmicos, que fornecem outras informações sobre as condições propícias ao desenvolvimento e deslocamento de bancos de macrófitas.

A coordenadora do projeto, pesquisadora da área de Geossoluções do Lactec, Danielle Drago, explica que as informações para o monitoramento do reservatório serão reunidas em um sistema de fácil visualização e interpretação. A solução será associada, ainda, a um mecanismo de alerta para situações em que a movimentação das plantas aquáticas represente risco à operação da hidrelétrica.

O reservatório da hidrelétrica Jupiá (1.551,2 MW), localizado no rio Paraná, entre os estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul, foi escolhido como área de estudo. O lago de 330 quilômetros quadrados apresenta um ambiente propício ao desenvolvimento de plantas aquáticas e suas dimensões são um complicador para o monitoramento in loco. Na tomada d’água – estrutura da hidrelétrica que conduz a água da represa para as turbinas – a limpeza do sistema de gradeamento é frequente para manter a vazão ideal ao desempenho da usina e evitar prejuízo às máquinas.

Os levantamentos em campo das condições do reservatório foram realizados ao longo de um ano. Esse trabalho exigiu o uso de equipamentos sofisticados como sensores multiparâmetros e uma ecossonda para o levantamento batimétrico e identificação das plantas submersas. Também foram coletadas imagens aéreas utilizando drones para os locais de difícil acesso. Serão implantadas, ainda, estações flutuantes hidrometeorológicas para coleta de parâmetros da qualidade da água e vento e monitoramento em tempo real.

A bióloga e consultora especialista, Maria Regina Boeger, destacou que o projeto, além de desenvolver uma ferramenta inovadora, como um sistema de alerta no deslocamento de bancos de plantas, gerou um diagnóstico ambiental detalhado sobre o reservatório, que poderá subsidiar futuras pesquisas sobre as macrófitas e organismos associados.