A Schneider Eletric promove a quase 10 anos um concurso para estudantes de todo mundo proporem ideias inovadoras relacionadas ao seu negócio. Este ano, mais de 3 mil estudantes submeteram suas ideias. Desses, oito times finalistas, formados por duas pessoas, puderam apresentar suas ideias ao comitê julgador durante o Innovation Summit promovido pela empresa em Barcelona, na Espanha.
Entre os finalistas estava uma dupla brasileira da Universidade Federal de Ouro Preto. Mirian Maia, estudante do último ano de arquitetura, e Lucas Batista, do penúltimo ano, apresentaram um projeto de fazenda urbana digital. Segundo Mirian, a oportunidade para participar do concurso apareceu de forma inusitada, quando um amigo que mora nos Estados Unidos, enviou o link para ela. A partir daí, ela pegou seu Trabalho de Termino de Curso, o TCC, focado em planejamento urbano e ferramentas de Internet das Coisas e Big Data.
Então, ela chamou o amigo Lucas Batista para participar e focaram o projeto em uma demanda social. Os vazios urbanos surgiram como tema para explorar. Mirian disse que eles lembram de um trabalho da UFOP sobre a agricultura e quiserem transformar em algo mais comercial. A ideia que surgiu foi tornar esses espaços em fazendas urbanas. Para isso, pensaram na utilização de sensores e geolocalização para definir os melhores lugares e plantios mais adequados.
A fazenda proposta usa aquaponia, que une hidroponia com criação de peixes, em um circuito interligado. Para tornar o projeto mais eficiente e acessível, os estudantes previram o uso de geolocalização para demarcar as áreas vazias nas cidades e um grupo de sensores para análise da área, para verificar questões como chuvas, poluição, solo. Assim, se criaria um banco de dados para filtrar informações e determinar o melhor uso da área.
“A nossa proposta, então, seria criar um sistema que seria adaptável para cada cidade. Ele iria minerar esses dados e falar o que é melhor para cada região”, afirmou Mirian, após a cerimônia de premiação em Barcelona. O sistema seria disponibilizado tanto para empresas, como prefeituras e usuários comuns. Esses pagariam apenas uma anuidade de 2 euros por ano. “Pensamos em um valor baixo para ter o acesso a essas informações já filtradas”, completou.
Mirian e Lucas explicam que as informações coletadas pelos sensores e softwares são analisados por uma inteligência artificial, que apresenta soluções para o interessado em desenvolver a terra. Unindo tecnologia e o social, os estudantes esperam ajudar comunidades a terem melhor qualidade de vida, com comida de melhor qualidade e menores preços.
“Você tem a possibilidade de achar essas localidades. E com essas informações, as políticas públicas podem ser construídas”, afirmou Lucas Batista. Ele sintetiza a ideia dizendo que os sistemas existem e a proposta os deixam mais inteligentes. “Essa é a nossa proposta, organizar as informações”, completou.
Os estudantes brasileiros ficaram felizes com a participação e a possibilidade de estar em um concurso com estudantes de universidades como Princeton e Leads. O trabalho de oito meses da dupla foi o vencedor da etapa sul americana. Mas o grande prêmio ficou com a dupla da Universidade Técnica do Rajastão, na Índia. os estudantes desenvolveram uma bateria de 1,5 V a partir de extratos de ervas, como aloe vera. Eles terão agora a oportunidade de trabalhar junto com a Schneider Eletric e poderão visitar duas cidades onde a empresa tem escritórios no mundo.
A próxima edição será a 10ª e terá inscrições iniciadas em breve. O programa passa a se chamar “Schneider Go Green” e terá os vencedores anunciados em Las Vegas (EUA), onde ocorrerá o próximo Innovation Summit em 2020.
*O repórter viajou a convite da Schneider Electric