A Schneider Electric reforçou na semana passada seu compromisso com a inovação. A digitalização e a eletrificação da economia são os motes essenciais dessa empresa que quer estar na vanguarda dos avanços tecnológicos para a indústria 4.0. A empresa pretende investir 500 milhões de euros em startups em cinco anos, com foco principalmente no que chama de inovação disruptiva, que são aquelas que permitem criar negócios completamente novos, por exemplo.
Segundo Emannuel Lagarrigue, vice-presidente de Inovação da Schneider Electric, o objetivo dos aportes é criar o futuro da empresa, que tem mais de 100 anos. “Utilizamos o capital de risco e inovação aberta como ferramentas para poder criar essa inovação disruptiva, que é uma forma de sair do campo habitual da empresa e deixar os ganhos da inovação com outros, os empreendedores”, explicou o executivo em entrevista na semana passada durante o Innovation Summit, realizado em Barcelona, na Espanha.
Para estimular a criação, o executivo afirmou que a empresa não exige exclusividade das tecnologias desenvolvidas, pois acredita que isso poderia limitar o espaço para os empreendedores. “Não podemos lhes cortar as saídas, pois se começamos a limitar demais o campo dos empreendedores e das startups, os melhores, que sabem que tem algo único, vão lhe dizer não, e os que aceitam isso não são tão únicos”, ponderou Lagarrigue.
Somente em 2018, a empresa investiu em 10 startups e criou três novos negócios, segundo o executivo. Este ano, o ritmo segue essa linha, mas ele não gosta de colocar metas, para isso não se tornar o foco principal. Lagarrigue disse que a Schneider se relaciona com 80 a 100 startup todos os anos. Nem todas recebem investimentos diretos, que nunca tem a intenção de serem de controle do negócio. A empresa, em geral, quando investe, participa com 20% do negócio.
“Não estamos focados em retorno econômico, tem que ter, mas mais que isso, não é a primeira prioridade, tem que trazer inovação para a companhia”, frisou o executivo, que adiantou que há o objetivo da Schneider que pelo menos duas startups se tornem novas unidades de negócios da empresa.
Os investimentos da empresa serão focados em três áreas: transição energética, automatismo e B2B e-comerce. Na primeira área, o foco da empresa está em tornar os negócios mais eficientes no consumo de energia, ao mesmo tempo que amplia a eletrificação do setor energético, o afastando das fontes mais poluentes. A visão da empresa é que a eletrificação, com uso de fontes renováveis e máxima eficiência energética, pode colaborar no objetivo de limitar os efeitos do aquecimento global.
Lagarrigue disse que os investimentos irão aonde está a inovação. Mas reconheceu que há prioridades geográficas no momento, por causa dos ecossistemas de empreendedorismo existentes nessas regiões. Vale do Silício e Boston, nos EUA, Israel, China e Cingapura são os principais focos. Mas a empresa vê na América do Sul, possibilidades em São Paulo e Medelim, na Colômbia.
“O que faz falta é um ecossistema criado. Eles vem porque há uma diversidade, uma indústria, um entorno que fomente esse tipo de investimento”, ensinou o executivo. Lagarrigue disse que a empresa já avançou muito na questão da digitalização e agora quer reforçar a eletrificação. Para ele, a revolução energética que virá pode ser tão intensa quanto das de tecnologia da informação. “Estamos no princípio de uma revolução energética muito forte, as formas que geramos, transportamos, compartilhamos a eletricidade vai mudar”, previu.
Os investimentos nas startups poderão girar em torno de 500 mil a 1 milhão de euros para criação de uma empresa, ou entre 3 e 5 milhões de euros em aportes de rodadas de investimentos. Além desse investimento, a empresa aplica cerca de 1,2 bilhão de euros por ano em pesquisa e desenvolvimento, focado em melhorar seus produtos e serviços existentes.
*O repórter viajou a convite da Schneider Electric