O resultado do leilão A-6 realizado nesta sexta-feira, 18 de outubro, revelou um novo nível de competitividade das fontes térmicas e sinaliza para uma retomada nas contratações de energia no Brasil a partir do próximo ano, avaliou o secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia, Reive Barros.
Após quatro horas de duração, o leilão terminou com a surpreendente contratação de 1.155 MW médios, ao preço médio de R$ 176,09/MWh, movimentando R$ 44 bilhões. Foram viabilizados 91 empreendimentos de fontes hidrelétricas, solar, eólica e térmica, adicionando 2.979 MW de nova capacidade instalada, com expectativa de investimento de R$ 11,1 bilhões. Deságio médio ficou em 33,73% representará uma economia de R$ 22,4 bilhões para os consumidores de energia.
“Na nossa avaliação, esse leilão pode ser considerado um sucesso, pelos produtos vendidos e pela quantidade. A percepção que o mercado tinha era que o valor seria relativamente pequeno dado a conjuntura, mas o que posso dizer é que tanto o MME, EPE e Aneel, através de um trabalho de esforço conjunto e uma conscientização dos comprados, no caso as distribuidoras, estamos adquirindo a energia necessária para atender ao crescimento do mercado a partir de 2025”, disse Barros.
Os compradores foram as concessionárias Boa Vista Energia, Ceal, Celpa, Celpe, Cemar, Cepisa, Coelba, Cemig e Light, sendo estas duas últimas responsáveis por 53% da compra feita no certame, destacou a diretora Elisa Bastos, da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
“A gente consegue observar que as fontes térmicas e hidrelétricas tiveram uma destinação maior parte para o mercado regulado”, disse Bastos. As hídricas destinaram 65% da garantia física para o mercado regulado, enquanto as térmicas se comprometeram com 93%. As fontes solar e eólica preferiram alocar apenas 35% no ACR.
Foram viabilizadas 11 usinas solares, 27 hidrelétricas, 44 eólicas e nove térmicas, sendo três a gás natural. Os investimentos estimados por fonte, respectivamente, serão de R$ 2,14 bilhões, R$ 1,7 bilhão, R$ 4,48 bilhões, R$ 2,8 bilhões. A maioria dos empreendimentos estão localizados nas regiões Nordeste e Sul e Sudeste.
Para Rui Altieri, presidente da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), o destaque foi a contratação da térmica Novo Tempo Barcarena, de 604 MW de capacidade, com custo variável de R$ 154/ MWh. “Esse é o tipo de térmica que o sistema precisa, tanto para segurança operacional quanto comercial. Com um CVU nesse valor, certamente os preços no mercado de curto prazo vão ser menores”, disse.
De acordo com Barros, o preço da fonte térmica foi uma sinalização de como deverá ser os leilões programados para 2020, onde existe uma necessidade de substituição de 5 GW de térmicas com custos elevados. O governo marcou para março de 2020 dois leilões para substituição de térmicas a óleo por tecnologias mais baratas. A fonte é tida como necessária para dar flexibilidade e segurança para o sistema, bem como permitir a expansão das renováveis.
Entre 2014 e 2018, lembrou Barros, o Brasil gastou R$ 22 bilhões com a geração térmica e se tivesses usinas no nível de custo verificado no leilão de hoje, o valor teria sido de R$ 10 bilhões. “A expectativa é que a partir de 2020, partindo do princípio de que os valores serão mantidos, não tenho dúvida que haverá um reflexo positivo na tarifa do consumidor brasileiro.”
Para o futuro, Barros acredita que o nível de contratação dos leilões continue no patamar verificado nesta sexta-feira ou até maior, em função da expectativa de recuperação da economia brasileira. “Não se trata de ufanismo ou visão mais otimista, é em cima dos dados que dispomos. A grande preocupação nossa é manter o nível de crescimento dessa infraestrutura para assegurar o crescimento do país. Não vamos ter como justificativa de que com o nível de informação que temos hoje não comprar a energia necessária para o crescimento do país a partir de 2025.”