Olá, esse é um conteúdo exclusivo destinado aos nossos assinantes
Cadastre-se GRATUITAMENTE ou faça seu LOGIN e tenha acesso:
Até 5 conteúdos
fechados por mês
Ficar por dentro dos cursos e
eventos do CanalEnergia
Receber nossas newsletters e
mantenha-se informado
sobre o setor de energia.
Notícias abertas CanalEnergia
ou
Já sou cadastrado,

Assim como o governo federal, o mercado também se mostrou positivamente surpreso com o Leilão de Energia A-6/2019 realizado nesta sexta-feira (18), cujo o resultado final irá viabilizar, ao longo dos próximos cinco anos, a instalação de 2.979 MW em 91 novos projetos de geração. Destaques na expansão da geração do setor elétrico brasileiro na última década, os segmentos de eólica e de solar comemoraram os números apurados em cada uma das suas áreas, destacando pontos como a competitividade apresentada pelas respectivas fontes e o potencial de crescimento indicado para as próximas licitações públicas, já a partir do ano de 2020.

No caso da eólica, os parques contratados somam capacidade de 1.040 MW e garantia física de 480 MWmédios – números impensáveis dentro das projeções feitas internamente pela Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica) até 15 dias atrás. A expectativa da entidade era de um resultado “pífio”, fruto de uma expectativa de demanda reprimida em função, principalmente, da baixa atividade econômica do país. “Em tempos de PIB baixo, esse resultado surpreendeu. Foi realmente muito bom e não apenas para a eólica, já que houve uma boa distribuição entre todas as fontes participantes”, avalia Elbia Gannoum, presidente da Abeeólica.

Apesar de não manter a média de contratação de anos recentes no Ambiente de Contratação Regulada, que já chegou a 2 GW em 2015 e ficou em 1,4 GW em 2017, o Leilão A-6 de 2019 reforça, na visão da executiva, a importância do Ambiente de Contratação Livre para a expansão da eólica hoje, na medida em que 70% da energia dos parques são negociados no mercado livre. De acordo com Elbia, o volume contratado no ACL vai superar os 2 GW esse ano, assim como ocorreu em 2018. Na visão dela, esse fato representa uma nova lógica de contratação, que exigirá uma nova maneira de projetar a expansão da geração no mercado brasileiro.

Solar com críticas

Fonte mais competitiva do certame, com 530 MW de potência nominal negociados e 163 MW médios de garantia física contratados, a solar sai fortalecida de sua primeira participação em um leilão do tipo A-6, apresentando o menor preço médio de venda entre todas as fontes participantes, incluindo eólica, hídrica, gás natural e biomassa. O valor final médio ficou em R$ 84,39/MWh, equivalente a um deságio de 59,6% em relação ao preço inicial. A previsão da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica é que de 50% a 70% da produção total desses projetos sejam negociados no mercado livre a um valor mais alto, equilibrando o preço final da energia dessas usinas.

Apesar do resultado final positivo para a fonte, o presidente da associação, Rodrigo Sauaia, faz críticas ao baixo volume de energia contratada. “Vimos que a solar fotovoltaica se colocou em pé de igualdade com a fonte eólica nesse leilão no que diz respeito ao preço, embora o governo tenha optado por contratar muito mais projetos de geração eólica do que solar. Por que isso? Qual o critério adotado pelo governo federal para contratar muito mais uma do que outra, se as duas estão em condições de equilíbrio? Do ponto de vista de mercado, nos decepcionou o volume de contratação baixo para uma fonte tão competitiva para o consumidor”, aponta Sauaia.

Biomassa quer espaço

O segmento de biomassa endossa as críticas da área solar quanto ao modelo de contratação e ao espaço dado para a sua fonte nos leilões públicos promovidos pelo governo. Com apenas seis projetos de biomassa negociados e 69,5 MWmédios comercializados, a um preço médio de R$ 187,90/MWh, a Associação da Indústria de Cogeração de Energia (Cogen) avalia que o resultado acaba evidenciando um subaproveitamento da biomassa, que poderia vender muito mais energia se a fonte estivesse em uma modalidade de produto separada das demais. A entidade sinaliza que esta é uma das demandas defendidas pela Cogen junto a órgãos do Executivo.

“A expansão da matriz elétrica poderia ser mais determinística em vez de indicativa, valorizando as externalidades das fontes. A biomassa tem alta eficiência energética, é uma energia limpa que estimula uma economia circular e tem a vantagem de produzir energia próxima do centro de carga, ajudando a poupar água nos reservatórios das hidrelétricas. O setor tem potencial para vender muito mais. Certamente, se tivermos uma sinalização positiva para a biomassa, nos próximos leilões o número de inscritos certamente será maior que os 25 projetos cadastrados neste leilão”, afirma Leonardo Caio Filho, diretor de Tecnologia e Regulação da Cogen.

Na mesma linha, a União da Indústria de Cana-de-Açúcar defende ajustes nos leilões, de forma a propiciar mais espaço para fontes que se mostram competitivas. Zilmar de Souza, gerante de Bioeletricidade da Unica, afirma que “o resultado de hoje mostra que o setor sucroenergético pode responder rapidamente de forma positiva nos leilões regulados, mas é necessário criar condições mais perenes para atrair o investimento em bioeletricidade nos certames promovidos pelo governo federal”. Entre as medidas, dedicar parte da demanda para produtos específicos de biomassa e biogás e permitir que elas participem dos Leilões de Energia Existente A-4 a A-5.