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Surpresa foi a palavra usada por representantes do setor para definir o resultado do Leilão A-6, marcado por maior diversidade de fontes contratadas e com uma quantidade de energia negociada ainda baixa, mas acima do previsto por agentes do mercado. O resultado do certame agradou especialmente investidores em empreendimentos de fonte hídrica, que viram com otimismo a entrada de mais de duas dezenas de pequenos projetos na lista de vencedores do certame.

No leilão realizado nesta sexta-feira, 18 de outubro, foram contratados 1.155 MW médios ao preço médio de R$ 176,09/MWh,  com deságio médio em relação aos preços de referência 33,73%. No total , 91 empreendimentos de fontes hidrelétricas, solar, eólica e termelétrica conseguiram vender energia às distribuidoras.

Para o presidente da Associação Brasileira de Pequenas Centrais Hidrelétricas e de Centrais Geradoras Hidrelétricas, Paulo Arbex, a quantidade de energia negociada no A-6 foi ainda pequena, mas surpreendeu, o que é um sinal positivo para o mercado. Ele disse que ficou satisfeito com a negociação de contratos de empreendimentos da fonte, depois de anos de participação aquém das expectativas dos empreendedores, e acredita que no ano que vem os investidores começarão a sentir os efeitos da retomada da economia.

“Está melhorando. Gostamos muito do sinal. Tomara que no próximo leilão tenhamos um volume grande [de contratação]”, disse o executivo. Para Arbex, a entrada das pequenas usinas representa “emprego e investimento na veia para a economia” e é necessário que essa política seja permanente.

O presidente da Associação Brasileira de Geração de Energia Limpa, Charles Lenzi, também avaliou o resultado do A-6 como positivo, apesar do volume total contratado ainda baixo. Lenzi lembrou que a demanda foi pequena em razão da crise econômica que afeta o país, mas a contratação de 19 PCHs e seis CGHs foi significativa e importante dentro do contexto do leilão.

“O resultado desse leilão, somado ao resultado do leilão também realizado neste ano, o A-4, sinaliza uma contratação mais perene de empreendimentos e de projetos de centrais hidrelétricas de até 50 MW autorizadas. E isso reforça o nosso otimismo a respeito dessa fonte”, afirmou o executivo.

O resultado do certame foi melhor do que todo mundo esperava, na opinião do presidente da Associação Brasileira de Geradores Termelétricos, Xisto Vieira Filho. Ele pontuou que a demanda foi bem maior e, para a geração térmica em particular, o desfecho ficou bastante interessante porque ganharam três usinas a gás muito importantes: a de Barcarena, no Pará; outra no Parnaíba (fechamento do ciclo) e a terceira na Bahia. “Essas três térmicas aí foi muito bom o fato de elas terem vencido esse leilão em termos de segurança energética e elétrica”, observou o executivo, lembrando que a lista de vendedoras incluiu ainda térmicas a bagaço de cana.

Carlos Faria, presidente da Associação Nacional de Consumidores de Energia, considerou o A-6 surpreendente pelo volume de contratação acima do previsto no mercado, e também pelo grande número de projetos de PCHs e termelétricas a biomassa contratados. Isso é bom para a economia, observou. “Você está, com isso, movimentando fornecedores, fábricas que estão ligadas nessa cadeia de produção de PCHs e biomassa.”

O grande destaque, em sua avaliação, foi a contratação de termelétricas, principalmente a gás natural, já como efeito da criação do novo mercado do gás e da aposta pelos investidores em um produto mais barato e acessível. “Acho que a gente tem com isso energia firme. Vamos olhar agora do lado do consumidor. Nós precisamos de energia firme e de potência, e essas térmicas, PCHs e usinas a biomassa oferecem isso.”

Outra surpresa para o executivo da Anace foram os preços abaixo de R$ 100/MWh para projetos das fontes solar e eólica. Faria lembrou que houve aprimoramento das regras do certame a favor do consumidor,  com a mudança na sazonalização dos contratos dessas fontes. A transferência do risco desses contratos para o empreendedor provocou protestos dos geradores eólicos, mas o  leilão provou que a Aneel estava certa, afirmou Faria.

Em relação a solar, a surpresa foi os empreendedores terem conseguido manter o preço no patamar contratado, embora não tenha tido grande contratação. “Meu sentimento é de que eles querem estar presentes no mercado”, concluiu o dirigente. Ele disse que esta um pouco assustado com o que ainda pode acontecer com a regulação para os empreendimentos de geração distribuída e disse que a Anace está trabalhando para, se houver alguma mudança de regra, que ela seja a menor possível.

Sócio da área de energia do Veirano Advogados, Tiago Figueiró, disse que no geral os resultados do leilão foram bons, com uma pequena surpresa em relação à demanda de 1.155 MW médios, quando o mercado apostava em maio 800 ou 900 MW médios. O gás veio forte e concentrado no projeto da termelétrica de Barcarena (PA), enquanto as fontes solar fotovoltaica e eólica tiveram resultados mais modestos, refletindo um pouco as dificuldades resultantes das mudanças nas regras do leilão, especialmente na sazonalização dos contratos.

Projetos hídricos e a biomassa foram uma surpresa bem vinda, avalia Figueiró. Ele citou como exemplo de que é possível ter na disputa competidores com diferentes tamanhos a contratação de projeto com garantia física abaixo de 1 MW médio. Na avaliação do advogado, foi um leilão interessante e diferente.

Outro que admitiu surpresa com a demanda foi o consultor João Graminha Bordim, da Thymos Energia. A consultoria chegou a projetar uma negociação de 600 MW médios no certame.

Graminha considerou o resultado positivo e disse que ele demonstra o otimismo das distribuidoras em relação à retomada da economia. “Esse foi o grande ponto de atenção”, observou o especialista. Ele confessou, porém, que esperava preços menores para os projetos solar e eólicos e destacou a competição como um aspecto importante do leilão. O resultado foi bom para hidráulicas e térmicas a biomassa e a gás, onde uma única usina representou metade da total negociado.