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O projeto da UTE Novo Tempo, localizado no município de Vila do Conde, em Barcarena (PA) terá como um dos seus papeis viabilizar a expansão da Golar Power na região Norte. A central viabilizou a construção de um terminal de regaseificação de GNL naquele estado e será uma espécie de hub de distribuição do insumo não apenas para a usina que deverá iniciar sua operação comercial em 2025, mas também para clientes daquela região. O mercado está mapeado e deverá ter o insumo à disposição a partir do segundo semestre de 2021, quando o terminal está projetado para inicial sua operação comercial.
O projeto contempla uma Unidade Flutuante de Armazenamento e Regaseificação (FSRU) de gás natural liquefeito, com capacidade para entregar 15 milhões de m³/dia, píer de atracação e gasoduto, e a usina termoelétrica (UTE Novo Tempo), que vai processar o gás natural, transformando-o em energia elétrica. O investimento total é estimado em R$ 2 bilhões. O empreendimento já conta com a Licença Ambiental Prévia (LAP) e agora segue o protocolo para a obtenção da autorização de construção da ANP, após a obtenção da Licença Ambiental de Instalação (LAI).
A usina é o resultado da sociedade entre a Golar Power e a Evolution Power Partners (EPP), a empresa Centrais Elétricas de Barcarena (CELBA), que é a responsável pela usina. A potência total instalada é de 605 MW, A interiorização do gás natural no Norte do país se dará por meio da cabotagem e da distribuição pelos modais rodoviários e ferroviários. A ideia da empresa é a de fornecer o gás natural para indústrias locais e para a futura rede distribuidora na região. Segundo o vice-presidente executivo da Golar Power, Marcelo Rodrigues, o GNL chegará até o cliente, no local será instalado um mini terminal de regaseificação onde será feita a conversão do insumo descarregado em Barcarena. Ali naquela região há grandes consumidores intensivos de energia como a Norsk Hydro.
Esta será a segunda usina que a Golar Power consegue viabilizar no Brasil. A primeira foi a UTE Porto do Sergipe I, de responsabilidade da Celse e que está em fase final de construção, conforme reportagem publicada pela Agência CanalEnergia em agosto.
Rodrigues explicou que essa usina já vinha sendo estudada há bastante tempo e inclusive disputara o leilão para atendimento dos sistemas isolados em Roraima, no mês de maio. Contudo, na oportunidade não saíram vencedores no certame. Caso a usina esteja gerando em sua capacidade nominal a demanda diária da central deverá ficar na casa de 3 milhões de metros cúbicos ao dia. O que possibilita à empresa dispor ao mercado o volume restante para ser negociado.
O executivo explicou que o modelo de negócio a ser aplicado no país com esse terminal é inédito por aqui, mas que já existe em outras regiões. Mesmo sem a infraestrutura de gasodutos a companhia vai prover do insumo os clientes naquela região. Para tanto já está em produção o que ele classificou como mini navios para o transporte do GNL até terminais dos clientes ou em contêineres que se assemelham a carretas para que sejam regaseificados no cliente.
E a Golar já olha ainda para outras oportunidades. “Como existe o sistema isolado movido a diesel para a geração térmica no Norte do país no futuro podemos ter uma oportunidade para o GNL ao atender térmica com o gás natural que é uma alternativa muito melhor que o diesel em termos econômicos e ambientais”, apontou ele. “Outro mercado importante no futuro pode ser o de caminhões movidos a gás”, acrescentou.
Do futuro terminal de Vila do Conde, a Golar poderá enviar os seus navios de cabotagem até outras grandes cidades da região como Marabá ou Belém. E ainda a outras regiões por meio de caminhões.
A Golar Power agora tem mais um projeto em desenvolvimento, este localizado na região sul, no estado de Santa Catarina que poderá ser colocado no mercado em futuros leilões de energia nova. Assim a companhia conseguiria alcançar uma importante capilaridade no país em pleno momento de desenvolvimento do mercado de gás natural com a política do Novo Mercado do Gás. “O consumo de gás natural no Brasil ainda é baixo e vemos com bons olhos essa política de incentivo, pois o potencial de mercado é enorme por aqui, por esta razão a Golar continua a investir. Hoje 95% dos municípios não têm acesso a este energético e nossos terminais podem ajudar nesse desenvolvimento do mercado”, finalizou o diretor da empresa.
O empreendedor foi o maior vitorioso do certame com a negociação de 569,7 MW médios. Somente essa usina representou 49,3% da energia vendida na disputa realizada na última sexta-feira, 18 de outubro.