A minuta da nova versão do Plano Decenal de Energia 2029, publicada nesta quarta-feira, 23 de outubro, traz uma novidade em relação às anteriores, é metodologia de análise dos requisitos sistêmicos de flexibilidade. Essa nova forma ainda necessita do aprimoramento dos dados utilizados no documento, mas representa um passo classificado como fundamental na linha de reconhecer os atributos sob uma perspectiva de sistema e não no projeto a projeto.
Por enquanto, afirmou o presidente da Empresa de Pesquisa Energética, Thiago Barral, não há evidência de que esteja faltando essa flexibilidade no país desde que haja investimentos em transmissão e geração com base em um determinado mix. Mas, entre os dados que ainda precisam de aprimoramento estão a forma como evoluir na representação e na qualidade da projeção do perfil horário da carga, seja no consumo, quando olhamos no ar condicionado e seu uso, mas também o impacto da curva de carga mesmo com a entrada da GD, que modifica esse perfil.
Até porque, destacou ele, o comportamento do consumidor com GD muda de acordo com a precificação da energia ainda mais com a tarifa dinâmica.E ainda o comportamento da eólica, solar e outras fontes. A EPE, continuou ele, está buscando as distribuidoras e Aneel para ter mais qualidade nas projeções de comportamento da carga de forma mais granular.
“O resultado nos dá o conforto de manter a linha de propostas que estamos colocando no GT de modernização do setor que é de trabalhar por enquanto o que seria o lastro de produção e de capacidade, mas obviamente, não poderemos abrir mão de pensar em lastro de flexibilidade, contudo, isso não é questão crítica no horizonte decenal desde que haja os investimentos fundamentais na rede e geração flexível, afirmou ele.
Ainda há uma outra novidade, refere-se a uma nova abordagem relacionada à resposta da demanda. Isso vem na esteira do projeto piloto em andamento e segue no sentido de atender requisitos de capacidade e flexibilidade e de fazer esforço de acelerar a introdução desse recurso energético como um dos candidatos ao atendimento das necessidades sistêmicas. “Está em um capitulo diferente que era dedicado à eficiência energética e geração distribuída, mas agora com análise referente a baterias, autoprodução, GD, e ainda, a eficiência e resposta da demanda, é uma abordagem nova”, comentou o executivo.
Barral ainda comentou que a expectativa é de manutenção da renovabilidade da matriz brasileira no horizonte decenal mesmo com a menor expansão das hidrelétricas. Apesar da indicação de térmicas no plano, essa participação pode se dar de forma menos intensa na geração diária apesar dos investimentos por poderem apresentar uma característica de geração menos frequente por terem a finalidade de auxiliar a matriz em momentos mais críticos. “Mas esse volumo no horizonte decenal pode ser contestada por outras soluções como a repotenciação de UHEs e outras modalidades como a resposta da demanda”, finalizou ele.