A AES Tietê Energia e o Senac fecharam um acordo na modalidade de comercializador varejista para a migração de 55 unidades da instituição de educação. As primeiras unidades começarão o processo de migração em 2020 e essa ação deve se estender ao longo do ano. O contrato é de cinco anos na modalidade energia incentivada com duração até 2024. Com essa mudança, os cálculos do novo cliente da geradora é de que a economia alcançada seja de 17% ante mercado regulado, ambiente que atende a demanda atualmente e apresenta um custo na casa de R$ 13 milhões.
De acordo com o gerente de materiais e serviços do Senac São Paulo, José Maria Oliveira, a estimativa e de que os gastos fiquem entre R$ 3 milhões e R$ 4 milhões ao ano menores do que a entidade paga atualmente. Ele lembra que esse é um patamar inicial uma vez que a tarifa no ACL varia de acordo com uma série de variáveis. Ele conta que o processo até a assinatura do contrato se estendeu por cerca de dois anos até chegar à contratação.
“Conversamos com várias empresas. O processo de contratação passa por uma licitação em decorrência da natureza jurídica do Senac. Então o processo se estendeu, pois precisávamos conhecer corretamente as opções e realizar a concorrência. Falamos com mais de 10 empresas”, relata ele.
A opção pelo comercializador varejista veio em função da impossibilidade do Senac atender a algumas exigências para se tornar agente da CCEE como abrir uma conta em banco que não seja público. O estatuto da instituição não permite ter essa conta em banco que não seja oficial. Carga para entrar na modalidade consumidor especial possui.
Outra questão levantada pelo executivo é que ao se credenciar como agente da CCEE teria que montar uma equipe especialmente para tratar das questões burocráticas que envolvem o tema. “É um volume de informações muito grande e que desconhecemos”, afirmou Oliveira à Agência CanalEnergia.
O escopo do contrato é de atender a uma demanda agregada de 3,5 MW ao mês. Apesar de ser um patamar acima dos requisitos mínimos para acessar fonte tradicional, esse volume só é alcançado por meio da comunhão de cargas em diversas unidades. O trabalho envolve a migração de 55 unidades espalhadas por todo o estado de São Paulo, todas conectadas em média tensão, sendo escolas, hotéis e escritório administrativo. O Senac ainda tem mais cinco unidades que não puderam ser conectadas pelo comercializador varejista da AES Tietê por estarem na baixa tensão.
“A migração só começará no ano que vem por conta do prazo legal de 180 dias que temos para iniciar o processo de saída”, apontou Oliveira. “As primeiras migrações começarão em fevereiro e as últimas em novembro, esse é um processo que não tem mais volta e os números do mercado livre mostram isso”, acrescentou ele. O Senac ainda avalia como atuar para as demais unidades que ficaram de fora e as novas que estão em construção. O executivo disse que para as novas, localizadas em Ourinhos e Bebedouro, deverá ser feita uma nova licitação para fechar novo contrato. “Essas já devem começar diretamente no mercado livre”, apontou.
Por sua vez, o gerente de Novos Negócios da AES Tietê, Denis Oliveira, comentou que o trabalho vem sendo desenvolvido há pouco mais de um ano desde os primeiros contatos. Depois da licitação, a contratação ocorreu de forma mais célere e as primeiras reuniões para iniciar os trabalhos começaram a acontecer. “Para as demais unidades que não foi possível migrar estamos estudando as possibilidades por meio da geração distribuída, mas ainda está em avaliação”, comentou ele.
O executivo da AES destacou que para esse processo não há uma fonte específica de contratação. A energia contratada estava livre no portfólio de geração da companhia e essa é apontada como uma vantagem, pois atribui segurança no fornecimento. De acordo com o mais recente resultado financeiro da empresa, referente ao segundo trimestre de 2019, o volume de energia contratado no portfólio de geração estava em 80% para 2020, ou 292 MW médios, já em 2021 estava em 68%, ou com 475 MW médios disponíveis para venda, 76 %, ou 359 MW médios em 2022 e 68% do total do portfólio ou 465 MW médios no ano de 2023, um ano antes do final do contrato com o Senac.
O executivo da geradora acrescentou ainda que a empresa vem investindo não apenas na questão da migração, mas vê como de importância nesse mercado a questão cultural e para isso a educação dos consumidores é importante. Para o Senac, a geradora atuará no assessoramento de adequação da cabine, mas não no estabelecimento da infraestrutura. A empresa atuará na gestão de energia com o envio de relatórios semanalmente comparando a demanda e valores entre o livre e o cativo.
Além do Senac, a geradora atende nessa mesma modalidade a rede de restaurantes Mc Donald’s que foi o primeiro cliente da comercializadora varejista da AES Tietê Energia.