A área de transmissão ganhou corpo no programa de investimentos do Grupo EDP Brasil em 2019. Durante apresentação de resultados financeiros e operacionais do terceiro trimestre do ano a analistas de mercado nesta quinta-feira, 24 de outubro, o presidente da holding, Miguel Setas, destacou que o capex realizado para viabilização dos empreendimentos adquiridos nos leilões realizados pela Agência Nacional e Energia Elétrica em 2016 e 2017 somou, até setembro deste ano, um total de R$ 1,420 bilhão, equivalente a 37% do total. Se até 2018 a companhia havia alocado R$ 350 milhões no segmento, nos nove primeiros meses do ano o valor saltou para mais de R$ 1 bilhão.

“Um dos principais fatores operacionais destacados este ano é a concretização dos investimentos em transmissão. Temos neste momento todas as Licenças de Instalação dos lotes conquistados nos leilões de 2016 e 2017 da Aneel”, ressaltou Setas, na teleconferência. O projeto de transmissão com maior capex aplicado pela EDP Brasil até o momento é o que contempla uma linha de 485 quilômetros em Santa Catarina, no qual já foram investidos até setembro deste ano cerca de R$ 662 milhões. A EDP atua em consórcio, no qual possui participação de 90%, juntamente com a concessionária estadual Celesc. As obras do projeto já chegaram a 43% da fase de execução.

Somando os cinco projetos arrematados nos leilões e um lote adquirido no mercado secundário, a empresa contará com uma malha de transmissão somando extensão de 1.441 quilômetros, abarcando os estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santos e Maranhão. A empresa espera antecipar a entrada em operação de todos esses projetos em relação ao cronograma estabelecido nos editais de concessão da Aneel. Além do aumento da presença da transmissão nos negócios do grupo, o segmento de distribuição, por meio das subsidiárias EDP SP e EDP ES, passou a ter metas ambiciosas em decorrência dos novos ciclos de revisão tarifária.

Os processos realizados este ano pelo regulador elevou a previsão de investimentos nas duas concessionária para R$ 1,079 bilhão, além de estipular metas mais ousadas de redução de perdas comerciais, nas duas áreas de concessão. No caso da EDP SP, o índice de perdas na baixa tensão neste ano está em 7,15%, abaixo da meta regulatória de 8,87% estabelecida pela Aneel. No caso da EDP ES, a situação é inversa. O índice de perdas em 2019 está em 11,41%, acima da meta da Aneel, de 10,74%. “Estamos numa trajetória de redução gradual. O regulador impôs metas ambiciosas de redução de perdas, mas compatíveis com o desempenho das empresas”, avalia Setas.

Considerando as perdas totais – comerciais e técnicas –, as duas concessionárias apresentam redução, ainda que pequenas, na comparação entre o terceiro trimestre do ano passado e o mesmo período desse ano. Na EDP SP a queda é de 0,38 p.p., enquanto na EDP ES a retração ficou em 0,07 p.p.. Um dos temas de interesse da holding ainda em 2019 é a revisão do custo médio ponderado de capital (wacc, na sigla em inglês) para o segmento de distribuição, cuja nota técnica com os detalhes do processo deve ser disponibilizada pela Aneel no mês de dezembro. Para o CEO, pontos como a precificação do capital de terceiros e a gestão do negócio ainda podem ser melhorados.