A eficiência energética tem amplo potencial para impulsionar o crescimento econômico e evitar emissões de gases de efeito estufa. Apesar desse cenário positivo, a taxa global de progresso está diminuindo e essa é uma tendência que tem implicações importantes para os consumidores, as empresas e o meio ambiente. Estudo da Agência Internacional de Energia (AIE) aponta que a intensidade avançou apenas 1,2% em 2018. Essas são as principais conclusões de um relatório da agência, publicado na manhã desta segunda-feira, 4 de novembro.
Intitulado Energy Efficiency 2019, o estudo aponta que a intensidade global de energia primária, que é considerada um importante indicador da intensidade com que a atividade econômica mundial usa energia, ainda é positiva, mas recuou pelo terceiro ano. Essa é a taxa mais lenta desde o início desta década, deixando-a bem abaixo do mínimo de 3% que a análise da AIE mostra ser central para alcançar as metas globais de clima e energia. De acordo com o comunicado da AIE, se a taxa atingisse 3% nesse período, o mundo poderia ter gerado mais US$ 2,6 trilhões em produção econômica, esse valor é comparável a quase do tamanho de toda a economia francesa para a mesma quantidade de energia.
Na avaliação de Fatih Birol, diretor executivo da AIE, que esteve no Brasil semana passada, a desaceleração histórica da eficiência energética em 2018 exige uma ação ousada de formuladores de políticas e de investidores. Ele afirma que é possível melhorar a eficiência energética em 3% ao ano. Essa ação depende do uso de tecnologias existentes e investimentos econômicos. Em paralelo, continua ele, os países devem adotar políticas ambiciosas para estimular o investimento e colocar as tecnologias necessárias para trabalhar em escala global.
Para a agência, a necessidade de uma ação mais forte sustenta o trabalho da Comissão Global de Ação Urgente sobre Eficiência Energética, anunciada pela AIE em julho. Liderados pelo primeiro-ministro irlandês Leo Varadkar. Os membros da comissão incluem líderes nacionais, ministros do governo e principais executivos de negócios. O grupo produzirá recomendações sobre como alcançar grandes avanços na política de eficiência energética.
A AIE aponta ainda que a desaceleração da eficiência energética também é a principal razão pela qual a agência tem participado ativamente do Three Percent Club, uma iniciativa sob a qual 15 países já sinalizaram seu compromisso de ajudar o mundo a seguir um caminho de melhorias anuais de 3% na intensidade energética .
O estudo indica ainda que são necessárias novas formas de pensar em políticas que vão além das abordagens tradicionais, principalmente para maximizar os potenciais ganhos de eficiência com a rápida disseminação das tecnologias digitais nas economias e nos sistemas de energia. Aliás, a digitalização é considerada como o agente que está transformando a eficiência energética e aumentando seu valor. Ao multiplicar as interconexões entre edifícios, eletrodomésticos, equipamentos e sistemas de transporte, proporciona ganhos de eficiência energética além do que era possível quando essas áreas estavam desconectadas.