A EDP Energias do Brasil reorientou sua estratégia de negócio e vai concentrar o seu capital nos negócios de distribuição e transmissão de energia elétrica, disse o presidente da companhia, Miguel Setas, em reunião nesta quarta-feira, 6 de novembro, em São Paulo. Até 2022, 88% do investimento previsto será nesses dois negócios.
A EDP entrou no mercado de transmissão em outubro de 2016 e até então já arrematou 1.441 km de linhas, sendo que 113 km estão em operação. A empresa já investiu R$ 1,4 bilhão no setor, de um total previsto de R$ 4 bilhões.
A companhia também opera um parque gerador de 2,9 GW de capacidade, além de atuar na comercialização de energia. No segmento de distribuição, a empresa atua no Espírito Santo e em São Paulo, atendendo a cerca de 3,5 milhões de clientes. Em Santa Catarina, a empresa possui ainda 23,6% de participação da Celesc.
O executivo disse que está satisfeito com o negócio de transmissão, que tem apresentado margens de 14%. A EDP vai participar do próximo leilão em 19 de dezembro, que vai licitar 2.470 km de linhas, com investimentos estimados em R$ 4,17 bilhões.
Segundo Setas, o foco da empresa será nos lotes menores, que tenham baixa competição e mais sinergia com os ativos da EDP. De acordo com Henrique Freire, diretor Financeiro da EDP, existe uma concorrência “predatória” no mercado brasileiro em função de novos operadores e a empresa não pretende entrar em projetos com rentabilidade menor do que 10%.
Ao ser questionado sobre as oportunidades do mercado de gás natural, Setas respondeu: “Não queremos fechar a porta porque temos competência, mas se tivesse R$ 1 bilhão para investir em gás ou transmissão, nós vamos fazer transmissão.”
Com as rentabilidades pressionadas nos leilões, a empresa tem olhado para as oportunidade de aquisição de ativos em desenvolvimento. Em maio desse ano, a EDP comprou a Litoral Sul Transmissora de Energia. O projeto é composto por duas subestações e 142 quilômetros de linhas de transmissão, conectando os estados de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, com investimento estimado em R$ 407 milhões.
“Estamos com mais esperança no mercado secundário”, disse Setas, que descartou entrar na disputa pela Argo Energia devido à forte competição pela empresa colocada a venda pelo fundo Pátria Investimentos.
No mercado de distribuição, o foco da EDP será na digitalização dos processos e no crescimento orgânico do mercado. No entanto, a companhia está atenta aos processos de privatização das empresas CEEE, CEB, Light, Celesc, Cemig e Copel. No Espírito Santo, a empresa está investindo R$ 52 milhões em um projeto de smart grid.
A EDP também tem oferecidos serviços diretos para o cliente final, bem como tem investido em geração solar, seja construindo usinas de médio porte entre 1 MW e 20 MW para autoprodução, seja instalando sistemas de geração distribuída em telhados ou prestando serviços de locação. A empresa disse que tem 25 MWp contratado em energia solar em 2019.
A EDP também conseguiu aprovar três projetos de Pesquisa & Desenvolvimento na área de mobilidade elétrica, com investimentos estimados em R$ 50 milhões. Serão instalados 30 carregadores ultrarrápidos, criando a maior rede de carregados para veículos elétricos da América Latina. Também serão instalado dois “E-Launges”, com infraestrutura de recarga de carro elétrico compartilhada em dois aeroportos. Ainda está previsto um projeto para ônibus elétricos para trajetos intermunicipais e fretados.