A HVEX, start up fundada a partir da Incubadora de Empresas do Centro Tecnológico da Universidade Federal de Itajubá, foi uma das vencedoras do programa Acelera Start Up, da Federação das Indústria do Estado de São Paulo. A vitória vai permitir que a HVEX use o hub de desenvolvimento da Fiesp e fique em contato com as indústrias do estado para oferecer seus serviços. A vitória foi pautada em dois pilares: o alto grau de crescimento e rentabilização que ela apresentou desde a sua criação, em 2011, e na aplicação de um produto, uma plataforma de medição de energia para o segmento industrial que cria cenários de tarifação. De acordo com Guilherme Ferraz, sócio da empresa, o sentimento dessa classe é que ela paga um valor alto pela energia e não tem informação necessárias sobre como mudar o quadro. “Ele fica angustiado por pagar um valor alto, já que a tarifa subiu muito e não tem nenhuma informação sobre esse custo”, explica.
A solução, que é destinada principalmente para indústrias no mercado cativo, aponta o melhor cenário de tarifação que ela deveria estar, qual o melhor tipo de contrato que ela deveria ter e mostra pontos que ele poderia reduzir o consumo. Segundo Ferraz, a maioria dos conseguiu retornos acima de 30% da energia paga no fim do mês. Para as indústrias no ambiente livre, a solução é uma ferramenta para o tráfego de informações até a comercializadora.
Considerando a realidade da Start Ups com inevitável, Ferraz vê o setor elétrico em um ritmo mais lento nesse tema, por considerá-lo mais reativo a mudanças. Segundo o diretor da HVEX, o setor tem uma burocracia que tornam o processo mais lento, que envolvem homologações e autorizações. Mesmo assim, ele vê bons nichos no setor para start ups na área de gestão de ativos. A comercialização também é uma área no setor propícia para a atuação de start ups, já que o Brasil está defasado em relação a outros mais modernos. Outra área em que start ups podem crescer é na solar fotovoltaica, mas a insegurança jurídica pode afastar iniciativas.
Ferraz vê o programa de Pesquisa & Desenvolvimento da Agência Nacional de Energia Elétrica como um ponto positivo e vantajoso para o setor. O elogio é pelo fato de o programa possibilitar a obtenção de recursos, muitas vezes escassos em outras áreas. Apesar do elogio, ele pede flexibilização nas regras da agência, de modo a permitir mais desenvolvimentos sem prejudicar as características de pesquisa. “Muitas empresas hoje estão basicamente fazendo a aplicação de produtos externos e aplicando serviços e a pesquisa sendo deixada de lado. Não pode perder as características intrínsecas de pesquisa”, aponta.
Conseguir um parceiro bom e que ele compreenda que a maturação no setor é mais lenta são alguns dos desafios que Ferraz vê para as start ups. Há a necessidade de validação da aplicação, o tempo de resposta e contratação é mais lento. “Conseguir um bom parceiro é muito importante para desenvolver a aplicação que você desenvolveu”, ressalta. O mercado sempre vai questionar aonde o produto novo foi aplicado para referência. O aspecto financeiro também é citado por ele. É preciso um bom capital investido para desenvolvimento para a empresa ter um alto crescimento. A falta de ‘open labs’ no setor para realização de testes é considerada um entrave para o diretor, já que os laboratórios atuais são todos estatais ou ligados a universidades. “Se a gente for lançar um produto, não tem onde testar e quando entra na camada de homologação, fica muito caro. Hoje não consigo homologar um produto com menos de seis meses”, avisa.
Como próximos passos, a HVEX está desenvolvendo novos sistemas de monitoramento de energia para monitorar as demais faixas de tensão. “Vamos trabalhar com novos medidores para atingir todas as classes de tensão possíveis”, revela. A empresa também está trabalhando em uma parceria com a Energisa para gestão de ativos de distribuição, em que além do resultado, será recomendado para a concessionária o que ela deverá priorizar na manutenção e monitoramento.