Empresas indianas e chinesas investiram no Brasil R$ 18,6 bilhões em projetos contratados nos leilões de transmissão entre 2015 e 2018. Esse valor corresponde a 31% dos R$ 60 bilhões em projetos leiloados no período pela Agência Nacional de Energia Elétrica. Os projetos concedidos a empresas dos dois países tem estimativa de criação de 35,3 mil empregos diretos.
Para o diretor-geral da Aneel, André Pepitone, não basta ofertar ativos para atrair investimentos estrangeiros. É necessário despertar a confiança dos investidores na qualidade e na estabilidade do marco regulatório, que são fatores centrais para essa atração. “No Brasil, o setor elétrico atinge hoje posição de um dos maiores destinos de investimentos estrangeiros diretos no país”, afirmou o dirigente, que participou na segunda-feira (11) de encontro com chineses e nesta terça (12) de reunião com os indianos, às vésperas do encontro em Brasília da cúpula dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
“Apresentamos o cenário no país, destacando a estabilidade e a previsibilidade do marco regulatório no Brasil, e a oportunidade de investimentos no leilão de transmissão do próximo dia 19 de dezembro”, disse Pepitone. O edital com as regras do certame, que vai ofertar empreendimentos em 12 estados com investimento de R$ 4,18 bilhões, foi aprovado hoje pela Aneel.
A China atua no Brasil nos segmentos de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, por meio de empresas como State Grid, China Three Gorges (CTG) e Spic. As indianas, que chegaram mais recentemente ao país, são a Sterlite, Power Grid Corporation of India e Adani Transmission.
Países em desenvolvimento já respondem por 50% do consumo mundial de energia, com destaque para os integrantes dos Brics, que são também investidores nessa área. A previsão é de que a China vai representar 27% de toda a energia consumida no mundo em 2035. Segundo colocado, os Estados Unidos consumirão 14,7%.
Pepitone lembra que o último leilão de transmissão, realizado em dezembro do ano passado, atraiu, além de China e Índia, empresas de outros seis países, entre americanos (Colômbia e Canadá) e europeus (Portugal , Espanha, França e Itália). Ele acredita que em processos de privatização também há potencial para atrair investidores estrangeiros, principalmente chineses, mas destaca também movimentos recentes de aquisição de ativos públicos por empresas como a italiana Enel (Celg D) e a francesa Engie (TAG).
“A gente considera que o ambiente do setor elétrico está robusto” acredita o diretor da Aneel, acrescentando que o setor elétrico tem se descolado do resto da economia em questão de investimentos porque existe confiança do investidor externo no ambiente regulatório.