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O país chegou à primeira metade do primeiro mês oficial do período úmido na temporada 2019/2020. Até o momento os meteorologistas veem uma perspectiva de continuidade da irregularidade de hidrologia com volumes abaixo da média histórica, como é possível verificar nas projeções com as quais o Operador Nacional do Sistema Elétrico trabalha no Programa Mensal de Operação.
Apesar dessa visão de curto prazo, a opinião é de que no trimestre as afluências possam se aproximar mais da média histórica. Um dos fatores é a neutralidade do Pacífico uma vez que não há fenômenos climáticos de grande porte atuando na região como o El Niño ou o La Niña e a tendência de formação da chamada zona de convergência do Atlântico Sul (ZCAS).
Segundo a meteorologista da Somar, Juliana Resende, de forma geral, não estamos sob influência dos fenômenos que ocorrem no Pacífico. Por isso, a condição é de neutralidade ou transição, caracterizada por temperaturas na proximidade da normalidade. “Não há nenhum vetor que caracterize para chuva em excesso e nem a ausência total nos principais subsistemas”, apontou ela à Agência CanalEnergia. “Sem a influência de El Niño e La Niña, quem comanda a distribuição de chuva é a sazonalidade, em que, nesta época do ano, o aumento da radiação solar na superfície combinado ao aumento de instabilidades da Amazônia, favorecem que as chuvas se espalham por boa parte do país, enquanto apenas na Região Sul é normal que as instabilidades diminuem de frequência”, acrescentou.
Em sua análise, é esperada a melhoria da frequência das instabilidades sobre o Centro-Norte do país, devido a condição de uma atmosfera mais tropical por influência da Primavera. No entanto, continua, ainda é normal que as chuvas continuem irregulares sobre os subsistemas Sudeste, Nordeste e Norte, o que dificulta o carregamento de ENA nessas áreas.
Já para dezembro, é previsto o padrão de chuva de verão, porém com características observadas em novembro, ou seja, com irregularidades e má distribuição, porém garantindo frequência mais expressiva entre as chuvas do país. Ainda assim, ressaltou, que a tendência para condição de chuva ao longo do período úmido a partir de janeiro, permanece favorável para o maior subsistema do país, o Sudeste/Centro-Oeste, devido justamente à ausência de fatores climáticos que poderiam tirar a chuva dos reservatórios, porém, por outro lado, também sem indícios de chuva em excesso.
“Um fator que chama bastante atenção, é a condição inicial dos níveis dos reservatórios nessa região, que atualmente está em torno de 20% apenas, e as próximas chuvas ainda permanecendo irregulares devem dificultar a recuperação ao longo de novembro”, apontou.
Essas informações corroboram a expectativa do CPTEC-INPE. Segundo a climatologista Juliana Anochi, a previsão para o trimestre novembro-dezembro-janeiro não apresenta a anomalia climática. Contudo, o modelo apresentou a perspectiva de chuvas abaixo da média no Nordeste, Espírito Santo, Goiás, Tocantins e grande parte do Pará. Contudo, ressaltou que no leste do Nordeste esse comportamento já era esperado, está dentro da normalidade para a região. No sentido contrário, o sul de Minas Gerais e todo o Sul do país deverão ter chuvas acima da média.
“Com a previsão de chuvas para os dois primeiros meses de 2020, a tendência é de que este período úmido possa apresentar níveis de afluências elevados”, Patrícia Madeira, da Climatempo.
“A perspectiva é de que os efeitos climáticos que teremos são aqueles de curto prazo como a entrada de uma frente fria que atua, por exemplo, na região sul chegando até parte do sudeste e até Centro-Oeste”, comentou.
Patrícia Madeira, da Climatempo, explicou que a neutralidade no Pacífico traz como consequências para as chuvas no país uma influência mais direta do Atlântico. E o oceano tem apresentado aquecimento de suas águas o que deixa as frentes frias mais fracas, dificultando assim a conexão com o corredor de umidade que vem da Amazônia. Esses dois fenômenos juntos são os responsáveis pelas características chuvas de verão nesse período do ano. Por enquanto a tendência é de manutenção da irregularidade de chuvas que temos visto no mês de novembro e que deve se estender por dezembro em decorrência de frentes frias mais rápidas e “oceânicas”.
Contudo, destacou a climatologista, as condições para os meses de janeiro e fevereiro mostram uma tendência positiva. A perspectiva é de que nesse bimestre seja registrado um período de vazões mais elevadas, principalmente no Sudeste do país com destaque nas bacias do Grande e do Parnaíba. Além disso, as chuvas deverão se avolumar também no Norte e Nordeste. “Com previsão de chuvas para os dois primeiros meses de 2020, a tendência é de que este período úmido possa apresentar níveis de afluências elevados”, afirmou.
A expectativa é pela formação da ZCAS que eleva o volume de chuvas na região. Segundo Patrícia Madeira, as condições atuais indicam condições climáticas que favorecem a formação desse fenômeno nos dois primeiros meses do ano. Qualquer alteração, continuou ela, não deverá levar a uma mudança muito significativa nesse cenário o que indica uma continuidade dessa condição.