O início do ano foi sem dúvida um momento de apreensão e de aprendizado para o segmento de comercialização de energia. O mercado perdeu liquidez e os volumes negociados recuaram no primeiro semestre. Contudo, os números do BBCE indicam que os volumes estão se recuperando. O ponto de maior expectativa estava no mês de maio, quando ocorreria a liquidação financeira das operações de março na Câmara de Comercialização de Energia Elétrica.

Segundo reportagem publicada pela Agência CanalEnergia, um balanço do BBCE apontava que em janeiro, a plataforma havia registrado 8.300 negócios, somando 27.669 GWh transacionados, um recorde de operações à época. Depois que as notícias começaram a ganhar os jornais a quantidade de negociações caiu para cerca de metade em fevereiro (4.459 negócios) e 15.701 GWh. Em março houve nova queda, para 2.700 negócios e 11.741 GWh.

No segundo semestre veio a inversão, em agosto, depois de um volume negociado de 9.826 GWh e 3.491 contratos, a plataforma registrou um volume negociado de 11.698 GWh para o mês de setembro. Já os números mais recentes, referentes a outubro apontaram um volume negociado de 16.726 GWh sendo que foram fechados 12.822 contrato na boleta e 3.940 no balcão, totalizando um volume financeiro de R$ 4 bilhões.

De acordo com a Stima Energia, os números do segundo semestre vêm confirmando a expectativa de retomada. E esse movimento vem acompanhado de dois termos amplamente usados para definir os passos deste segmento: maturidade e responsabilidade. Inclusive, em uma reportagem especial sobre o assunto onde agentes apontaram que ficaram lições entre elas a necessidade de implantação de uma metodologia para a administração do risco de contraparte.

A diferença entre os dois semestres está clara, corroborando a tendência de curva ascendente apontada pela BBCE, plataforma da qual é sócia. “A liquidez do mercado começou a melhorar, principalmente, a partir de maio, com a liquidação em maio na CCEE, todo mundo estava de olho nessas operações, aí já começamos a notar uma melhoria dos volumes e da liquidez”, avaliou a sócia da empresa Daniela Fusco Alcaro.

Erico Mello, Daniela Fusco Alcaro e Rodrigo Violaro, sócios da Stima Energia

“A grande questão é que vemos essa recuperação com amadurecimento nos volumes e seguindo a tendência normal de negociação, deixando o mercado de forma mais sadia. A aventura com certa dose de irresponsabilidade, cuja aura existia no segmento de comercialização até o início do ano não existe mais. O que existe é a melhora de processos de crédito e empresas mais compromissadas com um mercado mais saudável”, acrescentou outro sócio da Stima, Erico Mello.

“Ainda temos o crescimento no número de comercializadoras, mas vemos que estão mais conscientes das dificuldades, o que mostra que ainda temos mercado, mas que para atuar as novas organizações têm que ser mais sérias e estruturadas para participar desse ambiente e crescer de forma estrutural”, corroborou o sócio Rodrigo Violaro.

A Stima, que tem suas operações rodando desde maio de 2017, não foi afetada diretamente pelo evento do primeiro semestre e os sócios atribuem esse fator ao seu processo de avaliação de crédito e risco. A comercializadora desenvolveu uma ferramenta própria para a avaliação que é chamada de 3Cs que é o pilar para a avaliação da contraparte. São avaliados a capacidade financeira, caráter e o conhecimento sobre o setor e seu funcionamento. Mas, antes de tudo, destacou Mello, ainda há uma outra característica que deve ser colocada para todo o segmento que é a transparência.

Por isso, defendem assim como já foi feito no mercado de fundos depois de uma crise emblemática na década de 1990, envolvendo a marcação a mercado da carteira dos fundos, que se adote uma cartilha com procedimentos básicos e padronizados mínimos que permitam a disseminação de boas práticas e avaliação das empresas que atuam no setor. E ainda defendem que é o mercado que deve se autorregular. “O mercado criou o problema é ele quem tem que resolver a questão”, definiu Mello, que atua no setor há cerca de 20 anos, tendo começado em regulação e pelo middle office.

E há exemplos que justificam esse posicionamento apontam os executivos. Um deles é a questão dos preços de energia. Anteriormente, lembrou Daniela, as empresas atuavam e ganhavam pela assimetria de informações. Hoje essa situação inverteu, com a BBCE há o conhecimento dos valores da energia para contratos de diferentes prazos. E essa foi uma iniciativa própria e voluntária do mercado, sem a necessidade de intervenção de órgãos oficiais que regulam o setor.

Crescimento

A despeito dos momentos de stress pelos quais o mercado brasileiro passou em 2019 e em outras oportunidades no passado ao longo dessa jornada de duas décadas, para os sócios está claro de que o caminho do ambiente livre de contratação é de expansão. Seja por meio da comercialização de energia propriamente dita ou ainda pela evolução com a introdução de derivativos financeiros de energia ou mercado financeiro migrando para o setor com seus produtos.

Essa expectativa tem como base os resultados da comercializadora. Nesses dois anos e meio desde a primeira boleta emitida, os volumes médios negociados mensalmente passaram de 177 MW médios nos primeiros sete meses de atuação para 508 MW médios em 2018 e estão em 471 MW médios em 2019. De acordo com os dados financeiros que a companhia divulga regularmente na área de associados da Abraceel, em linha com seu compromisso de transparência, a receita líquida passou de R$ 330 milhões para R$ 1 bilhão e está em R$ 609 milhões até o fechamento de setembro deste ano.

O desempenho nesse ano é justificado como reflexo do início do ano onde a liquidez recuou e a empresa, por prudência e pelo seu perfil conservador de atuar decidiu reduzir o ritmo de negócios pelas incertezas causadas pelo distúrbio do primeiro trimestre. Além disso o preço de de energia menor em relação a 2018 impactou na redução da receita. Apesar disso, o patrimônio líquido vem crescendo. Do início de R$ 10,3 milhões está atualmente em pouco mais de R$ 40 milhões, crescimento de cerca de 300%.

A Stima aponta que essa expansão vem na esteira da elevação da percepção pelo mercado de que o comercializador tem gerado valor para os clientes, diferentemente da visão passada de que era apenas um ‘atravessador’ no setor elétrico. E esse papel básico é o de prover liquidez e fomentar o ACL ao assumir novas funções como a gestão de portfólio e gestão de risco.

E nesse sentido, como forma de referendar esse atual papel no mercado a Stima lançou recentemente dois indicadores, um de preços e outro de volatilidade. Nomeados iStima e iVol, respectivamente, procuram atribuir uma visão mais geral do momento que o setor passa em um determinado momento. A ideia, explicam, é a de proporcionar ao cliente a visão de como está o momento para a contratação de energia, ser uma referência ao mercado, mostrar se é mais favorável ou não a contratação de acordo com o movimento dos valores. Ambos começaram a ser calculados com valores do início de 2018 e se utilizam de dados do BBCE.

O iStima é um índice de preço e começou em base 100 para mostrar como os valores tem se comportado. Os dados capturam a variação de preço de uma carteira de contratos futuros de energia e é possível identificar os eventos do setor nesses dois anos, conforme mostram os gráficos retirados do site da companhia, nos altos e baixos da curva do índice. Nesse indicador estão considerados os contratos mais negociados na plataforma eletrônica de até três meses, ponderados conforme sua liquidez e volume.

Já o iVol indica o nível de incerteza do mercado de acordo com a variação. Nesse caso mostra o risco do setor que normalmente aumenta em épocas de transição, por exemplo, do período seco para o úmido onde há incertezas sobre o volume de chuvas – seja para mais ou para menos – ou estabiliza quando por exemplo há reservatórios mais cheios ou se o preço está no teto, fatores que deixam o índice com um patamar mais estável. O indicador foi desenvolvido conforme metodologia da Stima usando uma janela de dados de 126 dias úteis do iStima e ponderando com mais ênfase os eventos recentes de volatilidade deste indicador.

2020 e além

Agora, a empresa se prepara para o início de uma nova fase. A criação de uma asset management. Esse movimento toma carona na tendência de expansão da presença do mundo financeiro no setor elétrico. A Stima iniciará a operação de um fundo de investimento proprietário em contratos financeiros de energia. A estimativa é de que a autorização para a operação seja liberada em meados do primeiro semestre de 2020. A companhia já vem adotando as ações que envolvem a criação como o pedido junto à Comissão de Valores Mobiliários e terminando os procedimentos e manuais do órgão, bem como da Anbima, a entidade que atua no mercado financeiro promovendo ações autorregulação do segmento financeiro.

Investir nesse novo segmento, apontou Mello, está no foco da empresa que tem entre suas características olhar o futuro que se mostra cada vez mais atrelado ao financeiro, ao passo que vemos a BBCE caminhando nesse sentido e bancos cada vez mais envolvidos em negócios no setor elétrico. “Nada mais natural já que temos dentro de casa uma especialista do setor de finanças”, apontou. Já Daniela comentou: “Uma vez o mercado evoluindo para esse viés das finanças a tendência é de que talvez a comercializadora fique com uma participação menor na receita total da Stima”. Já Violaro complementou ao afirmar que o fundo proprietário é dos sócios da Stima, requer tempo e maturidade do mercado, mas, “a criação da gestora significa como acreditamos nessa mudança”.

(Nota da Redação: Conteúdo patrocinado produzido pela equipe da Agência CanalEnergia)