O diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Bicombustíveis (ANP), Décio Oddone, renunciou ao cargo meses antes de terminar o seu mandato à frente da autarquia. A carta de renúncia foi entregue ao presidente Jair Bolsonaro em 6 de janeiro, porém só se tornou pública na última quinta-feira, 15 de dezembro. O ministro de Minas e Energia (MME), Bento Albuquerque, disse que ainda não tem um substituto para o posto, porém afirmou que buscará um profissional com perfil técnico para assumir a função.

Profissional de carreira da Petrobras, Oddone foi indicado para a ANP pelo ex-ministro de Minas e Energia Fernando Bezerra Coelho Filho, no final de 2016. Na carta de despedida, o ex-diretor da ANP disse que cumpriu com sua missão e reforçou que nunca pertenceu a nenhum grupo ou contou com padrinho político.

“Nunca pertenci a qualquer grupo ou contei com padrinho político. E sempre acreditei que um cargo público só deve ser exercido enquanto a missão a ele associada esteja por ser cumprida. O processo de grandes mudanças no setor, do qual participei com afinco, encerrou-se com os últimos leilões e a identificação das ações necessárias para eliminar as restrições regulatórias e estimular a competição nos setores de abastecimento, de distribuição e revenda de combustíveis automotivos e de aviação, de gás de cozinha e de gás natural. Com isso, cumpri a missão assumida em 2016: contribuir com honestidade, transparência e espírito público para o desenvolvimento da maior transformação já produzida no setor de petróleo e gás no Brasil”, disse Odone (Leia a carta de renúncia).

Albuquerque disse que o pedido de demissão não foi uma surpresa para ele. A carta estava escrita desde o final do ano passado, mas o processo foi adiado por conta da tensão internacional no mercado de petróleo, deflagrada com a morte do general iraniano Qasem Soleimani, após o ataque militar feito pelos Estados Unidos no dia 2 de janeiro de 2020. “Ele apresentaria a carta no início deste ano, mas aí apareceram os eventos no Irã e a crise com os Estados Unidos que adiaram a apresentação ao presidente da República”, comentou o ministro durante o programa Central Globonews na noite de ontem.

O mandato de Oddone terminaria no final de 2020 e com sua saída o governo terá que escolher quatro novos diretores para compor a diretoria colegiada da ANP. ” Diferentes desafios demandam profissionais com características distintas. Não houve alterações na composição da diretoria colegiada da ANP em 2019. No entanto, três novos diretores deverão ser nomeados em 2020. Assim, decidi antecipar o fim do meu mandato, que iria até dezembro, permanecendo ainda no cargo o tempo suficiente para a aprovação do meu substituto. Dessa forma a primeira posição a ser indicada passa a ser a de diretor-geral”, justificou o executivo.