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A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) investiga porque o PLD horário apresentou um comportamento atípico em pelo menos quatro dias de janeiro de 2020 na região nordeste. Os valores apresentaram variação elevada no início do mês que passou de 75% ao longo da semana e em horários fora da ponta.
Segundo Talita Porto, membro do conselho de administração da CCEE, o preço horário sempre esteve alinhado ao preço semanal durante o segundo semestre de 2019, exceto em algumas situações, e naquela região, quando os preços descolaram devido a uma combinação de pico de geração eólica e falta de espaço para o escoamento da energia produzida naquele submercado.
Entretanto, nos dias 5, 7, 8 e 9 de janeiro o preço horário apresentou uma variação sem que houvesse uma explicação plausível. “O que nos incomoda são as variações abruptas sem ter um sinal do sistema”, comentou Rodrigo Sacchi, gerente de preços da CCEE, durante evento realizado nesta quinta-feira, 23 de janeiro, em São Paulo.
O Preço de Liquidação da Diferença (PLD) em base horária é uma evolução que entrará completamente em vigor em janeiro de 2021. O objetivo é aproximar o preço da energia ao que acontece na operação do Sistema Elétrico Nacional (SIN).
O PLD horário começou a ser testado no ano passado por meio do modelo de curtíssimo prazo, o Dessem. Desde 1º de janeiro deste ano, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) começou a utilizá-lo para o planejamento da operação do SIN.
A tendência do nordeste é que o preço horário varie para baixo por causa do aumento da geração eólica combinado com a falta de limite de escoamento das linhas de transmissão. No entanto, em janeiro o preço subiu abruptamente em um determinado momento, atingindo valores superiores a R$ 500/MWh no dia 5, enquanto o PLD estava rodando na faixa de R$ 300/MWh.
Gabriel Oliveira, membro da equipe de preços da CCEE, explicou que ao analisar o balanço energético do dia 5 de janeiro, não houve aumento da geração hidráulica ou térmica que justificasse o descolamento do preço. A última térmica que estava sendo despachada era a Termobahia, que tem CVU de R$ 301/MWh e a próxima seria a UTE Pernambuco III, com CVU de R$ 600/MWh, a qual não foi despachada.
Sacchi disse que o “desconforto” que existe é porque nenhuma térmica flexível foi acionada para justificar esse aumento de preço e os fluxos hidráulicos estavam no máximo, ou seja, nenhum recurso energético dava respaldo para o valor de R$ 505,57/MWh alcançado no dia 5 de janeiro.
Assim como no dia 5, comportamento semelhante foi verificado nos dias 7,8,9 de janeiro. Os preços horários desses dias não foram publicados, pois segundo Sacchi, houve um “comportamento não adequado, não satisfatório para a publicação”.
O executivo informou que se reunirá com o Cepel, ONS, Aneel e MME para estudar os casos e assim que tiver uma explicação a CCEE informará o mercado.