A Eletronuclear informou nessa quarta-feira, 29 de janeiro, que um dos equipamentos de maior dimensão previstos para a central nuclear de Angra 3 começou a ser transportado no último sábado (25), a partir de Guarulhos (SP), onde estava armazenado desde 2015. A logística envolve num primeiro momento o carro do semipórtico, também chamado de carro principal. A segunda parte, o carro auxiliar, deve ser enviado nos próximos dias. A expectativa é de que os componentes cheguem a seu destino até o final da semana que vem.

Instalado durante a montagem eletromecânica, o equipamento ficará localizado na estrutura externa adjacente ao edifício do reator. Sua função é içar os equipamentos pesados do circuito primário – incluindo o reator, os geradores de vapor, o pressurizador e bombas de refrigeração principal –, além de itens associados, até a plataforma de acesso ao interior do prédio do reator. O carro principal terá capacidade de içamento de 500 toneladas durante a montagem eletromecânica. Após o início da operação da unidade, a capacidade passará para 180 toneladas. Já o carro auxiliar poderá içar até 40 toneladas.

O chefe do Departamento de Engenharia Mecânica da Eletronuclear, Vagner Caçador Rubim, ressalta que o semipórtico é essencial para a montagem eletromecânica de Angra 3, e que sem ele não é possível realizar a montagem dos principais equipamentos do circuito primário. “Depois de um longo trabalho de equacionamento de questões contratuais com a Bardella (fabricante), finalmente conseguimos transportá-lo até o canteiro de obras, onde ficará armazenado aguardando o reinício da construção da usina”, comenta.

Semipórtico terá capacidade de içamento de 500 toneladas durante a montagem eletromecânica da usina (foto: Eletronuclear)

Logística complexa

O procedimento de transporte do equipamento é bastante complexo, devido às dimensões dos componentes e os respectivos pesos de 53 e 38 toneladas. Por conta do excedente lateral das peças, a logística depende de autorização especial do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e do Departamento de Estradas de Rodagem do Rio de Janeiro (DER-RJ) para ser realizado. Além disso, precisa ser efetuado em horários pré-definidos, com velocidade máxima controlada e a escolta de carros batedores, com a devida liberação da Polícia Rodoviária Federal (PRF).

O superintendente de Gerenciamento de Empreendimentos da Eletronuclear, Carlos Ferreira, afirma que o transporte do semipórtico é um marco para Angra 3 e demonstra que, apesar de as obras da unidade estarem interrompidas, a empresa não está parada. “A Eletronuclear está trabalhando para agilizar todos os preparativos para a retomada da construção da usina, essencial à segurança e estabilidade do Sistema Interligado Nacional”, ressalta.

A conclusão de Angra 3 é uma das prioridades do governo federal na área de geração de energia. No ano passado, o empreendimento foi incluído no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI). A Eletronuclear contratou o BNDES para fazer uma avaliação independente dos modelos propostos para a retomada da construção da usina. Esse trabalho irá subsidiar o comitê do PPI em suas decisões sobre o futuro da unidade.