A utilização do modelo Dessem no Sistema Interligado Nacional para fins de operação completou 40 dias e o balanço que o Operador Nacional do Sistema Elétrico faz desse período é positivo. O órgão planeja implantar ajustes para que possa antecipar a conclusão do processo de cálculo dos preços que é feita por meio de interação com os agentes. Atualmente o encerramento dessa fase se dá por volta das 22 horas e a meta é a de antecipar esse marco em 2 horas.
O diretor geral do ONS, Luiz Eduardo Barata, disse que ainda não há um prazo estabelecido para que a mudança seja implementada, mas que deverá ser colocada em prática o mais rápido possível. Essa medida, explicou ele em entrevista à Agência CanalEnergia nesta segunda-feira, 10 de fevereiro, está em desenvolvimento e deriva de um processo de revisão e desenvolvimento de ferramentas de automação dos processos interno da entidade.
“O balanço desses 40 dias é positivo, tínhamos antes a operação sombra, mas que estávamos ‘sozinhos’ nesse processamento. Desde 1º de janeiro a situação mudou pois passamos a interagir com os agentes sobre os valores do Dessem, que fazem uma checagem e contraproposta e dessa interação temos o programa diário. Esse processo leva um tempo e na nossa avaliação a conclusão ainda está mais demorada do que desejamos, vamos trabalhar para concluir esse processo mais cedo, hoje termina por volta das 22 horas e acreditamos que o ideal é às 20 horas”, apontou ele.
Sobre a volatilidade dos preços apresentada nesse período a avaliação segue o mesmo tom de otimismo. Para o executivo, os valores na comparação com o PLD semanal é positivo, pois o custo varia ao longo das horas do dia, ainda mais em uma matriz com o alto nível de participação de fontes renováveis como é a nossa. Ele exemplificou que houve dias de geração por ventos chegou a 6 mil MW no Nordeste e em outro dia foi registrado 500 MW. Esse movimento, disse, pode ser o resultado do elevado volume de chuvas naquela região que impactou a geração eólica por lá.
No geral, diz Barata, a convicção é de que o custo total de operação, quando feito diariamente com o modelo de otimização diária é menor que o anterior.
Barata afirma que em breve o operador terá uma análise sobre os preços obtidos no SIN a partir do Dessem, ante o que se obteve no sistema em vigor atualmente de preços por patamar de carga, ao longo do dia e podem checar os dados e, eventualmente, decidir se vale a pena ter uma geração térmica porque há restrição de sistema. Segundo ele, o modelo traz a possibilidade de considerar a rede elétrica de forma mais abrangente o que proporciona tomada de decisões mais refinadas.
A conclusão dos valores obtidos ainda está em processo e o ONS divulgará os resultados em uma nota técnica mostrando as diferenças entre o que foi programado e o despachado.
“Ainda estamos fechando os números, mas tivemos uma aproximação entre a operação e a realidade porque agora temos a cada dia a revisão da previsão da vazão, a apuração da carga, a geração eólica diária e que é diferente na previsão semanal”, explicou Barata. “Com certeza a operação está melhor do que tínhamos”, acrescentou.
O descolamento dos preços no submercado Nordeste por um período de poucas horas em alguns dias do mês de janeiro ainda está sob análise. De acordo com a assessoria de imprensa do ONS, esse fator deveu-se ao fato de que houve o alcance do limite de recebimento pelo sistema de transmissão naquela região.
Segundo o diretor geral do ONS, a diferença entre o PLD de patamar semanal e o preço horário do Dessem visto nesses 40 dias deve-se ao fato de que quando se avalia o sistema de forma agregada é necessário ser conservador nas previsões. Quando o modelo é diário é possível avaliar os dados com mais assertividade. “Por isso, a importância de sairmos de um modelo semanal para o diário, olhamos a cada meia hora e assim temos dados mais precisos de produção e dos mercados”, concluiu.