O Plano Decenal de Energia 2029 mantém participação relevante das fontes renováveis na capacidade instalada de geração de energia elétrica, mas indica também crescimento da geração termelétrica, especialmente a gás, para garantir a segurança do suprimento. Hidrelétricas de grande e pequeno porte, eólicas, solares e termelétricas a biomassa serão responsáveis por 80% da matriz elétrica, enquanto a participação térmica, que considera também novas usinas a carvão, deve passar de 14% em 2019 para 18% no final da década.

A versão final do PDE foi lançada oficialmente nesta terça-feira (11) pelo ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque. Ela não altera, em essência, cenários de crescimento da demanda e estratégias de expansão da energética para os próximos dez anos, mas acrescenta a esses cenários e estratégias um capitulo adicional, que trata especificamente da integração entre os setores de gás, energia elétrica e a indústria.

Esse adendo à versão inicial do plano traz “algumas sensibilidades adicionais de expansão termelétrica e de demanda de gás, à luz de potenciais ganhos de competitividade do preço do gás ao longo dos próximos anos”, explicou o presidente da Empresa de Pesquisa Energética, Thiago Barral.

O governo aposta na ampliação da capacidade térmica instalada de 22,3 GW para 42,1 GW. Desses, 15,5 GW são projetos de modernização de usinas.

O plano trabalha com crescimento médio do Produto Interno Bruto de 2,9% ao ano e expectativa de recuperação gradual da economia. A projeção de investimento no setor energético como um todo é de R$ 2,34 trilhões, dos quais R$ 456 bilhões estão previstos para o setor elétrico e o restante em petróleo e gás. Na expansão da matriz elétrica, R$ 303 bilhões virão de projetos de geração centralizada, R$ 50 bilhões da geração distribuída e R$ 104 bilhões da transmissão.

O secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do MME, Reive Barros, admitiu durante a apresentação do PDE que existe preocupação com um eventual mudança no cenário de crescimento dos próximos anos. “A indústria nos preocupa porque ela tem uma capacidade ociosa de 30%. Qualquer melhoria na indústria significa aumento na demanda de energia.”

De acordo com o PDE, a capacidade instalada de geração de energia elétrica no país vai crescer 75 GW. O crescimento do consumo total de eletricidade projetado é cerca de 11% maior que o previsto para a economia brasileira em dez anos. A taxa média estimada é de 2,5% anuais entre 2019 e 2029.

A micro e minigeração distribuída atingirão 11 GW de capacidade instalada em 2029, e não mais em 2027, como previsto anteriormente. O plano também projeta ganhos de eficiência no consumo de eletricidade de 40 TWh em 2029, o equivalente à energia gerada por uma hidrelétrica com potência instalada em torno de 9,5 GW.

O gás é um capítulo importante do planejamento, segundo Barros. Os investimentos indicativos associados ao novo mercado de gás devem totalizar R$ 43 bilhões, valor acima dos R$ 18 bilhões projetados no cenário de referencia. Eles incluem a instalação de gasodutos de escoamento (R$ 13,5 bilhões) e de transporte (R$ 17,06 bilhões), de unidades de processamento de gas natural (R$ 11,03 bilhões) e de terminais de regaseificação de GNL (R$ 0,8 bilhão).