O orçamento para investimentos da EDP para este ano ainda não está fechado, mas o segmento de transmissão continuará sendo o principal destino dos aportes da companhia no país em 2020. Dos projetos que fazem parte do portfolio da companhia ainda faltam cerca de R$ 2 bilhões a serem aplicados até o final de 2021. No foco da empresa está a execução desses empreendimentos de acordo com a mesma filosofia dedicada anos anteriores às três UHEs, nas quais a empresa tem participação na Amazônia, mas a elétrica se mostra aberta a avaliar novos negócios nessa área, principalmente aqueles que ainda não começaram a ser construídos.
O investimento total no ano de 2019 foi o mais elevado da empresa no país em 24 anos, somou R$ 2,8 bilhões. E para 2020 será menor que esse volume. “Ainda não fechamos o orçamento, pode ser que venha a mudar, mas a tendência é de que seja menor, com a transmissão sendo o destino da maior parte dos investimentos. E ainda manteremos o patamar de aportes nas distribuidoras”, comentou o presidente da EDP Brasil, Miguel Setas, em entrevista coletiva para falar dos resultados da empresa no ano passado.
Em sua avaliação, o investimento em transmissão foi uma estratégia assertiva. Além disso, lembrou, é a única do grupo em todo o mundo. Ele aponta que no primeiro trimestre deverá ocorrer a conclusão do segundo projeto nesse campo, o lote 11, localizado no Maranhão, que ao final de 2019 contava com 91% de avanço do cronograma. Nos demais ativos o avanço variava na casa de 50%. Os projetos de transmissão da EDP somam 1.441 quilômetros de extensão em linhas de transmissão e um capex de R$ 3,9 bilhões.
Apesar de olhar para a conclusão dos projetos em andamento, os planos ao longo de 2020 podem mudar ao passo que a companhia enxergar oportunidades em ativos no chamado mercado secundário de transmissão, principalmente aqueles leiloados, mas cujas as obras ainda não foram iniciadas. Setas ainda afirma que a empresa pode disputar novos lotes nos leilões da Aneel. Até porque, lembrou, esse segmento é um dos eleitos pela empresa como negócios em crescimento.
“Recentemente tivemos casos como uma pequena empresa associada a uma construtora brasileira que não teve mais interesse nesses ativos, outros casos como o Pátria que vendeu seu portfólio que estava na Argo e agentes financeiros que desejam monetizar o negócio. Ainda vemos grandes operadores como a Sterlite que decidiu reduzir a exposição ao segmento. Há um leque de opções para avaliar e que podem se encaixar no perfil que nos interessa”, disse o executivo. “Achamos que temos competências específicas e que estão concentradas no processo de construção, é onde podemos agregar valor”, acrescentou.
Distribuição
O outro segmento que mais receberá investimentos da companhia é distribuição. Setas lembrou que a meta da empresa é continuar a manter o patamar de aportes nas redes de suas concessionárias em duas vezes o valor da depreciação, medida que foi aplicada em 2019 pela empresa.
Para Setas, a discussão sobre a alteração do WACC regulatório para um nível de 7,17% pela Aneel não é o patamar ideal. A empresa, destacou, é um dos agentes que defende um nível mais elevado. A expectativa, disse, é de que ficasse em 7,5%, “ou algo próximo a isso”.