O consumo total de gás natural em 2019 no Brasil mostrou um crescimento de apenas 0,9% na comparação com o ano anterior. A demanda média no ano foi de 64,6 milhões m³/dia, pouco acima da média de 2018, quando o consumo foi de 64 milhões m³/dia, informou a Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás), por meio de pesquisa estatística feito com concessionárias em todas as regiões do país. Um os destaques foi o crescimento de 3,2% no gás utilizado por centrais termelétricos, fruto de um despacho maior dessas usinas.

Segundo o levantamento, o número de consumidores do insumo chegou a mais de 3,6 milhões, mostrando incremento de 0,6% na comparação anual, com a demanda média atingindo 1,2 milhões m³/dia. O segmento Comercial apresentou o melhor desempenho em 2019, com crescimento de 8,7% e consumo médio de 913 mil milhões m³/dia.

Outro destaque foi a alta de 3,2% no consumo de Gás Natural Veicular (GNV), que vem crescendo desde que os preços dos combustíveis líquidos começaram a seguir a lógica do mercado internacional, estabelecendo uma competição mais justa. “No ano passado, vemos a consolidação desse movimento de retomada”, comentou o presidente executivo da Abegás, Augusto Salomon.

Já o segmento industrial fechou 2019 com retração de 0,9% em relação ao ano anterior, perfazendo um consumo médio de 27,9 milhões m³/dia. A cogeração, acompanhando o desempenho da indústria, terminou o ano com queda de 9,5% na atividade e demanda diária de 2,5 milhões de m³.

Na análise regional, os principais resultados são os crescimentos no segmento comercial da região Norte, com 113,9%, Centro-Oeste, 19,8% e Sudeste, com 8,8%. Completam o quadro a alta de 8,5% nos consumidores residenciais no Nordeste e aumento de 5,7% no segmento automotivo no Sul do país.

Perspectivas para o futuro

A análise do diretor de Estratégia e Mercado da Abegás, Marcelo Mendonça, indica que o consumo manteve-se praticamente estável em relação ao ano anterior, e que a expectativa é de que em 2020 e nos anos seguintes esse cenário não se repita. Para ele, é necessário analisar o passado e encontrar as oportunidades que permitirão elevar efetivamente a participação do gás natural na matriz energética brasileira.

“Um exemplo é a redução da reinjeção de gás que, se considerarmos o mesmo coeficiente de reinjeção de 2015, disponibilizaria ao mercado em média mais 10 milhões m³/dia e permitiria reduzir a importação de diesel e gasolina em aproximadamente 1/3 ou gerar mais 2 GW de energia na base”, explica o executivo, afirmando que as medidas precisam fazer parte do planejamento energético do país, de forma a consolidar o papel do gás como indutor do desenvolvimento econômico e social.