O Complexo Termelétrico Jorge Lacerda (857 MW), localizado em Santa Catarina, deverá estar presente no Leilão A-5 de 2020, marcado para o dia 30 de abril, informou o gerente de Relações com Investidores da Engie Brasil, Rafael Bósio, durante teleconferência da empresa nessa quarta-feira, 19 de fevereiro. Na oportunidade, o executivo disse que é um movimento estratégico da companhia alavancar o ativo, fechando por exemplo um contrato de 15 anos, caso tenha sucesso no certame, o que poderia melhorar as condições de venda da usina.

“Tivemos algumas propostas, mas nem sempre adequadas. Muitos dos interessados querem contratos longos, o que não faz sentido se queremos descarbonizar. Por isso estamos aguardando a evolução do processo e até pode-se conseguir algum contrato interessante no leilão. Estamos trabalhando e devemos ter novidade nos próximos meses”, explica Bósio.

O movimento vai ao encontro à meta corporativa da holding de descarbonizar cada vez mais sua matriz elétrica, o que inclui também o Complexo Termelétrico de Pampa Sul (345 MW), no Rio Grande do Sul, e que no momento está pausado devido a alguns problemas que aconteceram na UTE desde o início de sua operação em 28 de junho, com uma indisponibilidade de geração mais alta do que o esperado. “Essa questão foi resolvida ano passado e estamos apenas esperando alguns fatores para poder voltar à efetividade”, resumiu o diretor. Após o retorno à operação, a ideia é esperar alguns meses de atividade, de forma a garantir ao futuro comprador o perfeito funcionamento da unidade.

Jirau – Perguntando sobre o cenário e as condições favoráveis para a Hidrelétrica de Jirau, Bósio salientou que a UHE teve um ano operacional muito bom, mas que ainda tem sofrido economicamente e financeiramente com o GSF. “Subcontratada acaba perdendo garantia física, apesar de ter repactuado”, pontua, lembrando também sobre o impacto com o endividamento da usina. “Pelo que entendo o controlador e demais sócios estão buscando uma saída, quem sabe o pagamento da dívida para aliviar o peso das despesas financeiras, tornado esse ativo retroativo, ou seja, que não haja necessidade de injetar mais capital como tem acontecido, estancando essa sangria”, avalia.

Ele lembra que existe um ponto no contrato de transferência de gestão que garante não haver destituição de valor em algum eventual processo, o que conforta os acionistas. “Nada disso significa uma troca financeira, pode ser que seja um ativo melhor financeiramente do que é hoje por toda essa atitude dos sócios, mas não há possibilidade de alteração de valor”, salienta.

GSF – Quanto ao atual cenário hidrológico e a questão do GSF, o executivo reforça que a companhia não abrirá mão de sua estratégia e que, embora existam eventuais diferenças, não é o momento de ficar longe da estratégia do setor, como foi em 2019. “Parece que o setor aprendeu, alocou um pouco mais energia em janeiro e menos a partir de fevereiro até abril e agora efetivamente os preços estão caindo com a melhora da hidrologia. Nossa perspectiva do GSF não está muito diferente do que o mercado vem apresentando”, aponta.

Sobre a expectativa para aprovação do Projeto de Lei do setor elétrico e do GSF, a afirmação é de que poucas pessoas conseguem precisar um cronograma de aprovação, que depende da agenda do legislativo, mas que há, em forma infralegal, alguns avanços em Brasília. “É uma pauta importante, até para destravar o mercado de curto prazo, a questão do GSF, e também para ter o planejamento do setor com as contratações”.

Na sua avaliação, com a implantação do PLD horário a partir do ano que vem, haverá uma sinalização melhor de preço para o mercado, o que de certa forma atenua a contratação de lastro e energia. “Nosso pessoal da parte regulatória está trabalhando firme, procurando contribuir com o setor e de certa forma tentando também buscar agilidade para essas questões”, finaliza.