As seis maiores tendências globais a serem observadas no mercado solar global a partir deste ano e nos próximos colocados pela consultoria Wood Mackenzie inclui o maior risco de preço de energia, investimentos em infraestrutura de rede, incentivos de política de curto prazo, a COP26, leilões com lances agressivos e o risco de resíduos fotovoltaicos.
De acordo com a empresa, os custos continuarão a cair, embora mais devagar do que antes, e a diversificação do mercado global continuará em curso. Além disso, mercados emergentes atingirão a maioridade e nos próximos cinco anos, veremos países como a Arábia Saudita, Paquistão e Malásia participando do chamado “clube de gigawatt”.
A consultoria lembra que há leilões planejados em 44 países fora da OCDE. Um pipeline de projetos que somam 180 GWdc em quase 120 países. Por isso, gerenciar os riscos associados à realização de negócios em mercados emergentes de energia será um desafio fundamental para os investidores negociarem. Nessas regiões, avalia, há oportunidades além das plantas tradicionais conectadas à rede.
Para a Wood Mackenzie, as instalações solares fotovoltaicas fora da rede para aqueles que atualmente não têm fonte de alimentação ou onde o serviço de fornecedores existentes é inadequado oferecerão um conjunto de oportunidades diferente, principalmente na África Subsaariana. As preocupações com ESG (os investimentos em ativos que apresentam respeito ao meio ambiente) e o alto custo da energia à base de petróleo também estão levando as empresas de indústrias extrativas, como a mineração, a considerar os sistemas baseados em sistemas fotovoltaicos como um agente ‘limpador’ e, em muitos casos, como uma alternativa mais barata.
Tom Heggarty, analista da Wood Mackenzie acredita em um aumento no risco de preço de energia à medida aumenta o número de mercados fotovoltaicos solares. Os pequenos produtores independentes de energia podem ser forçados a se concentrar apenas no desenvolvimento inicial e na venda de projetos operacionais ou prontos para operação. “O mercado ficará mais consolidado à medida que os grandes players adquirem carteiras mais arriscadas. Os novos participantes, como as maiores corporações de petróleo e gás, estarão de olho nos desenvolvimentos do mercado – sua experiência comercial e apetite ao risco devem deixá-los bem posicionados para o sucesso”, comentou ele em comunicado da empresa.
No ano passado, essa tendência foi abordada pela
Agência CanalEnergia, em outubro, na
Reportagem Especial que tratou do futuro do setor solar no país.
Para o analista da consultoria, embora a próxima década pareça saudável para a fonte, as ações dos formuladores de políticas poderiam abrir caminho para um crescimento ainda mais forte.
Apesar desse otimismo, há uma questão a ser tratada, a da infraestrutura. Um grande volume de projetos está em desenvolvimento ou em filas de conexão à rede. E ainda, será necessário investimento para aumentar a resiliência das redes para lidar com o fornecimento variável de energia renovável. Para ele, as redes bem desenvolvidas e interconectadas devem ser capazes de lidar com níveis razoavelmente altos de penetração atualmente.
Outro fator que a empresa vê como positivo são os esforços globais para a descarbonização, que poderão, em breve, levar a uma rápida aceleração no ritmo de investimento em energia solar fotovoltaica. No entanto, leilões com nível de preços insustentáveis podem retardar o desenvolvimento de mercados emergentes. Ele cita o crescente número de contratos de leilão abaixo de US$ 20/MWh verificados em todo o mundo. Mas, em alguns casos, é difícil ver como a economia se traduzirá em retornos aceitáveis para os investidores. Preços de oferta extremamente baixos ameaçam afastar empresas com potencia de investimento, mas com expectativas de retorno mais altas.
Já em relação ao risco apresentado pelos resíduos fotovoltaicos é um tema que a indústria ainda não abordou. No final desta década, a primeira onda de instalações fotovoltaicas começará a chegar ao fim da vida útil. São quase 4 GWdc de instalados entre 2001 e 2005, o que representa algo até 18 milhões de módulos individuais. A questão que fica é o que acontecerá com aqueles quando chegarem ao fim de suas vidas úteis, uma pergunta ainda sem resposta.