A Eneva apresentou uma proposta para a combinação de negócios com a AES Tietê Energia. A informação foi divulgada via fato relevante publicado pelas empresas na Comissão de Valores Mobiliários na noite deste domingo, 1 de março. De acordo com a geradora que iniciou suas atividades em São Paulo, o conteúdo apresentado será analisado de forma detalhada. O prazo dado pela primeira é de 60 dias a partir da entrega da proposta.
A geradora que propõe o negócio nasceu em 2001 como MPX, braço de geração do conglomerado de empresas de Eike Batista, e que passou por um processo de recuperação judicial encerrado no ano passado. Hoje a companhia tem como maiores acionistas controladores o BTG Pactual e a Cambuhy Investimentos, cada um com 22,95% do capital social da companhia. E ainda 5,01% pela Atmos e outros acionistas na bolsa possuem 49,09%.
A operação compreende uma relação de troca de 0,0461 ações ordinárias de emissão da Eneva para cada ação ordinária ou preferencial de emissão da AES Tietê ou de 0,2305 por UNIT, mais uma parcela em dinheiro total de R$ 2.750.641.308,80, equivalente a R$1,38 por cada ação ordinária ou preferencial ou R$ 6,89 por UNIT. A relação de troca está sujeita a ajustes nos termos da proposta.
A ideia é de conjugar os negócios por meio da incorporação de ações da AES Tietê pela Eneva, cuja estrutura deverá contemplar, ao final, a entrega de ações de emissão da Eneva aos acionistas da AES Tietê, o pagamento de uma parcela em dinheiro, pela Eneva ou por sociedade por ela controlada, aos acionistas da AES Tietê.

Como resultado, aponta a Eneva, está prevista a unificação das bases acionárias em uma companhia aberta listada no Novo Mercado da B3, com portfólio de ativos classificado como sólido, recursos complementares e potencial de se beneficiar de significativas sinergias operacionais e financeiras. Os acionistas da AES Tietê, em conjunto, receberiam um total de 91.994.693 ações ordinárias de emissão da Eneva, representativas de 22,58% do capital social.

Atualmente, a Eneva possui um parque de geração térmica de 2,2 GW, que representa 5% da capacidade de geração térmica do país. Nessa conta ainda não estão incluídas a futura produção de Parnaíba V e VI, bem como, a de Jaguatirica II, que ainda estão em implantação. A sua capacidade total instalada atingirá 2,8 GW até 2024, com a entrada em operação dessas três novas usinas, que em conjunto representam investimentos estimados em R$ 3,6 bilhões.
Entre as justificativas para a união dos negócios a Eneva aponta que a nova empresa teria uma plataforma diversificada dada a natureza complementar de suas fontes de geração de energia, que seria equilibrada e irreplicável. “A combinação de negócios resultaria em gigante no setor de geração, com portfolio de ativos essenciais para o país e, ainda, com todas as competências necessárias para o desenvolvimento de novos projetos competitivos e diversificados para atender ao crescimento e à demanda de energia no país”, indica no comunicado.
Juntas, as empresas somariam ativos de 6,1 GW de capacidade instalada no país, um volume que ficaria atrás apenas da Engie Brasil Energia no que se refere a empresas privadas. A Eletrobras é a maior empresa do setor no país em termos de capacidade instalada.

“Outro benefício importante da combinação dos ativos decorrente da complementariedade das fontes seria a grande estabilidade na geração de energia elétrica. Com isso, uma maior previsibilidade e segurança na geração de fluxo de caixa é também esperada se traduzindo em menor risco econômico-financeiro e menor custo de capital”, aponta a Eneva.

O negócio, caso aprovado pelos acionistas das duas empresas, ainda precisará passar pelo crivo da Agência Nacional de Energia Elétrica e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica. A proposta, encerrou a Eneva, é válida por 60 dias, condicionadas à não ocorrência de alterações adversas relevantes nas condições de mercado ou nos negócios das companhias.