A Cosan, companhia que atua nas áreas de energia, logística, infraestrutura e agronegócio, também vai mergulhar no mercado de eletricidade de olho na integração com o gás natural no Brasil. A estratégia de geração de valor consiste tanto na aquisição de distribuidoras de gás que forem privatizadas quanto em investimentos em geração termelétrica. A Compass Gás e Energia, anunciada nesta segunda-feira, 9 de março, durante o Cosan Day, em São Paulo, será a nova marca que unirá os negócios da Comgás e da Compass, comercializadora de energia elétrica adquirida por R$ 95 milhões em 2019.
De acordo com Nelson Gomes, CEO da Comgás e presidente da nova marca, o mercado de gás natural está crescendo no mundo e o Brasil tem muito potencial para ter um papel relevante nesse negócio. No entanto, para que isso aconteça algumas ações são necessárias.
Em 2019, a produção líquida de gás natural no Brasil foi de 51 milhões de metros cúbicos dia ( Mm³/d). As previsões apontam que essa oferta poderá chegar a 108 Mm³/d em 2029. A maior oferta aumentará a competitividade e a liquidez do produto. Gomes destacou que serão necessários investimentos na expansão da infraestrutura de transporte da molécula para conectar a oferta e a demanda.
Hoje o gás natural no Brasil tem um custo de cerca de US$ 14/MMBtu e a participação da fonte na matriz energética não chega a 11%. A redução de custo para algo como US$ 6/MMBtu permitiria o insumo alcançar o market share de 35% da matriz energética.
As agendas de incentivo à concorrência nos mercados e energia precisam ter continuidade, bem como estimular a integração dos mercados de energia elétrica e gás natural.
“A Compass Gás e Energia tem um potencial de ser uma nova Cosan”, afirmou Marcos Lutz, que está deixando o cargo de CEO do grupo para assumir a posição de vice-presidente do Conselho de Administração da Cosan. O executivo Ricardo Mussa será o novo CEO.
Leilões de energia
Gomes contou que a Compass pretende participar do próximo leilão de térmicas, marcado para 30 de abril, porém sem grandes expectativas de sair vitorioso. A ideia é encontrar um parceiro que já tenha um projeto cadastrado e aproveitar a oportunidade para “testar o modelo de negócio” para o setor elétrico. “Isso não quer dizer que a empresa vai com todo apetite do mundo [para o leilão]“, disse.
“O primeiro passo é o entendimento do modelo de negócio. O que a gente está buscando é se juntar a parceiros com projetos pré-licenciados e aprovados, e em conjunto com esses parceiros entender como funciona a dinâmica desses leilões. Temos limites de rentabilidade para isso e se a gente for bem sucedido, é possível que a gente leve um leilão, talvez, no ano que vem. Não acredito que nesses primeiros estejamos afiados a ponto de sermos competitivos”, ponderou o executivo.
A empresa também está interessa em atuar na comercialização de gás natural. Em 2019, a Compass Comercialização negociou 855 MW médios e faturou R$ 1,6 bilhão.