A CPFL Soluções vem se preparando em diversas frentes para encarar os próximos passos do setor elétrico ao passo que avançam as alterações previstas no curto e no médio prazo. A mais próxima delas é o preço horário, que no âmbito comercial chega em 2021, quando a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica passará a utilizar o modelo Dessem. No geral, contou o líder de comercialização da companhia, Ricardo Motoyama, a empresa está otimista e com boas perspectivas para os próximos anos.
“Historicamente temos visto o ACL com crescimento e especificamente em 2019 o número de clientes cresceu em nossa carteira mesmo com o país não apresentando um desempenho expressivo na economia. Encerramos o ano passado com quase mil clientes na comercializadora”, explicou o executivo.
Esse otimismo apresentado tem base nas perspectivas de novos produtos que poderão ser ofertados ao mercado com o preço horário. A CPFL Soluções vem acompanhando desde o início a operação sombra para se preparar. Obter essa expertise de preço é uma das frentes que a comercialização terá para se desenvolver no mercado livre. Hoje a empresa vem rodando o Dessem com a meta de ter conhecimento antecipado e isso poder virar um produto para o mercado. “Estamos rodando o sombra do sombra [preço] para poder antecipar”, comentou Motoyama.
Uma das divisões da empresa que poderá se beneficiar desse conhecimento é a de consultoria da CPFL Soluções uma vez que a informação é cada vez mais um ativo importante para operar no mercado. E ainda, as empresas poderão ter mais consciência e controle de seu consumo podendo viabilizar programas de resposta da demanda ou outros serviços que levam, ao final do dia, ao objetivo de redução de custos com energia, e englobados como serviços ancilares.
“O preço horário em 2021 pode ser a oportunidade para sistemas de autoprodução, soluções em armazenamento com o avanço dessa tecnologia. Há a possibilidade de que esses agentes possam fornecer serviços ao sistema quando o preço está elevado”, exemplificou.
No médio prazo o país ainda aguarda a questão de abertura do mercado livre. Quando ocorreu a entrevista com o executivo o Senado ainda não havia
aprovado o PLS 232 que agora irá à Câmara dos Deputados. Ainda sem essa definição ocorrida em Brasília na terça-feira, 10 de março, Motoyama disse que é possível uma abertura do ACL à baixa tensão sim. “Nós defendemos esse pleito tanto que colocamos em nossa contribuição à CP 33 que essa medida é importante para o país”, acrescentou ele.
Mas antes disso, lembrou o executivo, há pré requisitos que devem ser abordados pela legislação. Dentre estas a questão do lastro e energia, e ainda, dos contratos legados das distribuidoras. Um dos caminhos para se auxiliar nesse processo, avaliou ele, está na adoção da tarifa binômia para que as concessionárias sejam remuneradas pela sua atividade.
Na avaliação dele é possível abrir o mercado e a companhia vem se preparando para isso. Mesmo assim, vê como desafio futuro o grande volume de consumidores para o segmento em que atua. Motoyama lembrou que se fosse liberado apenas o mercado de alta tensão, consumidores com carga de 75 kW, o volume de potenciais consumidores livres passaria de cerca de sete a oito mil que atuam hoje nesse ambiente para algo como 200 mil clientes. E ainda teríamos toda a baixa tensão para entrar no mercado.
Em sua opinião, é necessário um cronograma organizado para essa abertura. Além disso, tomando como base outros mercados que já passaram por essa fase, a experiência mostra que a conversão não é tão rápida, a maioria dos consumidores comuns, apesar de terem liberdade, não migrariam de imediato, mas representa um importante passo para o país rumo à modernização do setor elétrico.