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A manutenção da taxa de câmbio nos atuais patamares deve impactar as tarifas de energia dos brasileiros nos próximos meses. Nesta semana, o dólar rompeu o patamar de R$ 5,00 pela primeira na história – resultado de uma combinação de queda brusca no preço do petróleo, elevada demanda pela moeda norte-americana, com investidores buscando proteger o capital enquanto as bolsas de valores no mundo derretem por causa da pandemia de coronavírus (covid-19) e, mais recentemente, a decisão do presidente Donald Trump de proibir voos da Europa para os Estados Unidos.
As tarifas de energia no Brasil sofrem efeito do câmbio principalmente por três fatores: energia da hidrelétrica de Itaipu, energia das usinas nucleares (Angra 1 e 2) e operação de algumas usinas térmicas do Programa Prioritário de Termeletricidade (PPT). Essas usinas possuem contratos indexados ao Dólar e algumas também ao Euro.
Simulações realizadas pela TR Soluções, a pedido da Agência CanalEnergia, mostram que, caso o dólar fique no patamar de R$ 5,00 de março a dezembro de 2020, a variação das tarifas residenciais praticadas por todas as distribuidoras do país deve atingir, em média, 4,05%. Caso o dólar fique no patamar de R$ 4,60, a variação deve atingir, em média, 2,62%. Com o dólar a R$ 4,10, como era a expectativa do mercado no início do ano, a variação média esperada era de 1,42%.
Em nota, Helder Sousa, diretor de regulação da empresa de tecnologia especializada em tarifas de energia, explicou que o impacto tarifário varia conforme a região de atuação das distribuidoras e a data de conclusão dos processos de revisão tarifária. As variações mais significativas deverão ser observadas no caso das empresas que atuam no Sul, Sudeste e Centro-Oeste e que ainda passarão por processos tarifários no segundo semestre do ano.
As tarifas dessas empresas passariam de uma alta média de 1,78% para algo entre 3,78% e 5,98%, a depender se o câmbio se manterá muito acima ou bem abaixo dos R$ 5,00.
Até o fechamento dessa reportagem nesta quinta-feira, 12 de março, o dólar comercial apresentava alta de +1,85%, cotado a R$ 4,809; enquanto o principal índice da bolsa de valores de São Paulo (Ibovespa) caia 14,54%, a 72.787 pontos.
A distribuidoras consideradas nesta projeção são responsáveis pelo atendimento de 98% do mercado de distribuição brasileiro.