O Cepel e a Marinha do Brasil formalizarão, ainda em março, acordo de cooperação técnica visando soluções para o abastecimento de energia elétrica das ilhas oceânicas do país com base em fontes renováveis. Não é a primeira vez que o Centro presta apoio tecnológico à Marinha em iniciativas do gênero, seja por solicitação direta do Ministério de Minas e Energia (MME) ou por orientação da Eletrobras. O ponto de partida do futuro acordo será o arquipélago de São Pedro e São Paulo, onde, há mais de uma década, o Cepel concebeu e instalou a única fonte de energia elétrica local, por meio exclusivamente de painéis fotovoltaicos e baterias.
A fonte é usada para abastecimento elétrico da estação científica existente no arquipélago, considerada fundamental para o Brasil, à medida que assegura a ocupação permanente do local, garantindo, consequentemente, um acréscimo de aproximadamente 450 mil km à Zona Econômica Exclusiva do país. Esta faixa, situada para além das águas territoriais, é estabelecida pela Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM) e determina que o país costeiro tem prioridade para utilização dos recursos naturais do mar, tanto vivos como não vivos, e responsabilidade na sua gestão ambiental.
“Com a necessidade de reformar a estação científica, a Marinha solicitou ao Cepel o envio de engenheiros conhecedores do projeto original para a reinstalação dos painéis fotovoltaicos e inversores. Resolveu-se, também, formalizar um acordo de cooperação para que prestemos suporte técnico em projetos de geração renovável e eficiência energética a serem desenvolvidos em outras ilhas oceânicas, onde a Marinha pretenda instalar estações científicas, com destaque para Fernando de Noronha e Trindade”, esclarece o diretor-geral do Cepel, Amilcar Guerreiro.
De acordo com Guerreiro, o interesse do Cepel no acordo de cooperação vai além dos projetos nas ilhas oceânicas. O objetivo é também obter dados a partir do uso dos painéis e outros dispositivos de geração de energia para subsidiar, por exemplo, pesquisas relacionadas ao envelhecimento e ao desgaste desses equipamentos. “Há também a possibilidade de recebermos esses materiais e ensaiá-los em nossos laboratórios, com destaque para a pesquisa de envelhecimento de painéis fotovoltaicos em curso no recém-inaugurado Laboratório de Sistemas Fotovoltaicos – LabSol”.