A disseminação do coronavírus poderá conter a execução de projetos no curto prazo. A avaliação é da consultoria WoodMackenzie. No longo prazo os efeitos da pandemia estão relacionados à recuperação da demanda de energia. Ao mesmo tempo a avaliação é de que as cadeias de suprimento apresentam variados níveis de exposição a restrições do lado da oferta e escala potencial de erosão da demanda.
Segundo balanço semanal da empresa, as cadeias de suprimentos asiáticas, onde começou a pandemia, para as tecnologias de armazenamento solar e de energia estão em processo de recuperação após as contrações em fevereiro. “Espera-se que as atividades de desenvolvimento de curto prazo e a logística local nos principais mercados da Europa e da América do Norte superem as questões remanescentes de fornecimento”, avalia.
Na América Latina, os desdobramentos estão relacionados aos mercados globais como fonte de matérias-primas e da cadeia de suprimentos automotiva. Segundo a consultoria, isso diminuirá a demanda nos principais mercados do Brasil, Chile, México e Argentina e provavelmente levará a leilões reduzidos ou atrasados e desafiará o financiamento de projetos.
Ainda ontem o Ministério de Minas e Energia afirmou à
Agência CanalEnergia que
os leilões de energia no Brasil estão mantidos. Contudo, afirmou que está acompanhando o desenvolvimento dos fatos relacionados à contaminação pelo novo coronavírus.
Além disso, destacou o balanço da Wood Mac, as cadeias de suprimentos da indústria eólica estão muito mais próximas do mercado na Europa e na América do Norte e serão impactadas à medida que a produção e a logística forem reduzidas. Mas, os projetos dos EUA permanecem sob pressão adicional de se qualificar para o crédito fiscal de produção.
Para o mercado de veículos elétricos a análise é de que esse segmento permanece exposto devido a uma cadeia de suprimentos nascente e, em grande parte, pelo fato de se tratar de uma compra de maior valor. Há grande declínio nas vendas de veículos elétricos e indicadores na China de em janeiro e fevereiro destaca esse impacto. Contudo, a perspectiva é de que os fundamentos de longo prazo permanecem fortes, apesar das fábricas registrarem atrasos. Inclusive, fabricantes de veículos elétricos em desenvolvimento poderão enfrentar falência.
“Os riscos primários dos mercados regionais de energia centralizam a profundidade e a duração da redução da demanda, se a paralisação econômica se tornar uma recessão prolongada. Os geradores de gás devem enfrentar impactos desiguais do colapso simultâneo do preço do petróleo”, alerta.
No atual epicentro da pandemia, na Itália, já é possível verificar declínio de 8% em relação à semana anterior, com reduções semelhantes esperadas à medida que mais países impõem restrições, já que a demanda industrial é particularmente volátil. Para a consultoria, os geradores a gás da Europa sofrerão o impacto da perda de demanda, onde, apesar dos baixos preços do GNL.
Como consequência, a perspectiva é de que as emissões de carbono em 2020 cairão como resultado das respostas nacionais, enquanto os fundamentos de longo prazo da transição energética permanecerem em vigor.