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A avanço do coronavírus chegou em um momento chave para o governo em relação aos leilões deste ano, seja ele de energia existente A-4 e A-5, programados para final de abril para fonte térmica, quanto para o de energia nova A-4, agendado para 28 de maio. Faltando pouco mais de 30 dias para o primeiro e 60 dias para a realização do certame que colocará as fontes renováveis e térmicas em disputa por novos projetos, o Brasil entrou definitivamente na rota da pandemia, mas o cronograma segue seu curso.  Apesar do volume crescente de casos por aqui, a perspectiva é de que o maior efeito colateral – que é iminente – deve se concentrar na economia o que pode afetar a previsão da demanda das distribuidoras.
Tanto é assim que nesta semana economistas ouvidos pelo Banco Central no boletim semanal Focus reportaram uma redução na projeção do Produto Interno Bruto do país. O índice esperado continua a cair. Passou de 2,4% no início de 2020 para 1,9% e agora está em 1,68%. Mas, como no caso do banco Credit Suisse, há a aposta de que o índice será, no mínimo, de estagnação quando comparado a 2019 que fechou em crescimento de 1,1% ante 2018.
Além disso, muitas empresas têm adotado o home office, inclusive empresas e instituições do setor elétrico já divulgaram suas medidas para conter o avanço da pandemia, conforme noticiou a Agência CanalEnergia. Essa condição, afirmou o CEO da PSR, Luiz Barroso, pode afetar as articulações necessárias para preparar uma oferta pelo lado das empresas.
“Além de toda a problemática do coronavírus nas empresas, que dificulta a presença física, a grande questão agora é o impacto na economia, que está produzindo forte incerteza nos mercados e em variáveis fundamentais para o sucesso do leilão, o câmbio e preços de combustíveis pelo lado do gerador, bem como crescimento da demanda pelo lado do comprador e aversão ao risco no caso de ambos”, destacou ele. “Por essas razões eu acho muito prudente o governo estudar o adiamento, tal como tem sido feito em outras atividades de outros setores”, sugeriu ele.
Tiago Barros, CEO da RegE Consultoria, avalia que mesmo com a elevação do número de casos da covid-19 por aqui, a tendência é de continuidade do processo de leilões. Contudo, reforça que o único motivo que poderia levar a um adiamento seria a volatilidade dos mercados, os valores do petróleo, taxa de juros e a cotação do dólar. “Mas acho que esses indicadores estabilizam até chegar a data do LEN”, afirmou o executivo.
Ele disse não acreditar em um impacto no cronograma de certames agendados, e aponta que para amenizar os efeitos econômicos dessa crise é importante aumentar os investimentos em infraestrutura e formação bruta de capital. “Acho que se deve fazer um esforço pra manter o Leilão de energia e apresentar um plano de aceleração de licitações  em outros setores de infraestrutura. É preciso mostrar que vai haver geração de emprego após a crise”, acrescentou.
Essa avaliação segue a afirmação do Ministério de Minas e Energia que mantém o cronograma dos leilões. Inclusive, o presidente da Empresa de Pesquisa Energética, Thiago Barral, afirmou que na manhã desta quinta-feira, 19 de março, foi enviado comunicado aos agentes participantes informando que toda a tramitação será exclusivamente digital. “Seguimos trabalhando dentro do cronograma estabelecido previamente”, ressaltou Barral que acrescentou ainda que a EPE se reunirá com o MME para avaliar se há a necessidade de mudanças.
Ainda ontem, destacou o superintendente de Planejamento de Geração da EPE, Bernardo Aguiar, a empresa encerrou a análise dos projetos, etapa anterior à habilitação de empreendimentos, para o leilão de energia existente. Pelo fato da equipe da EPE estar trabalhando de forma remota os ofícios foram enviados eletronicamente, conforme apontou Barral.  Agora os agentes notificados como inabilitados têm uma semana para recorrer da decisão, a EPE mais um período de mesma duração para responder. “Até meados de abril devemos relacionar os habilitados aos leilões”, apontou Aguiar.  Já para o LEN A-4 a perspectiva é de finalizar o processo de análise no início de abril.
Longo Prazo
Barroso destaca que uma outra discussão é justamente o impacto de longo prazo na questão dos preços da energia em leilões. Em sua análise, se esse cenário econômico se mantiver, possivelmente a competição entre as renováveis e o gás será mais acirrada no LEN-2020. E, continua, no caso do Brasil, como o recurso renovável é muito bom, possivelmente as renováveis ainda seguirão liderando a competitividade econômica e sendo atrativas, seja no ACL ou ACR. Para ele, a maior ameaça estará nos carros elétricos, que ainda estão chegando devagar por aqui, e na eficiência energética, cujo potencial para ambos é afetado pelo baixo preço do petróleo”, apontou.
O Brasil é um dos destaques em termos de preços das fontes renováveis em leilões de energia ao redor do mundo. A PSR participou da elaboração de um relatório da Agência Internacional de Energias Renováveis (Irena, na sigla em inglês), sobre a liderança da eólica e da solar em leilões no mundo, foram analisados dados de 55 nações. A influência do país ocorre mais em relação aos preços verificados do que em volume de capacidade instalada apesar de ser um dos mais relevantes.
De acordo com a PSR, os valores reportados nos certames por aqui atingiu patamares marcantes. E com isso ajudou a reduzir o preço médio mundial. Segundo dados verificados, a média de preços globais nos leilões de 2018 para a fonte solar foram de US$ 56 por MWh e para a eólica ficaram em US$ 48 por MWh. “Se não considerarmos os leilões realizados no Brasil, os preços médios sobem para US$ 57 e US$ 50/MWh, respectivamente”, apontou a consultoria.