Voltado ao gerenciamento de equipamentos de transmissão, geração e distribuição, o Sistema de Análise e Diagnóstico de Equipamentos (DianE) tem sido utilizado pelas empresas Eletrobras na tomada de decisão quando incorporado à rotina da engenharia de manutenção. Atualmente, a ferramenta faz parte do cotidiano da Eletronorte, Eletronuclear, Eletrosul e Furnas, está em fase de testes na Amazonas GT e deve ser implantada em breve na Chesf e na Eletrobras, que participaram recentemente de um tutorial sobre o tema, nos últimos dias 10 e 11, na Unidade Fundão do Centro.
Desenvolvido pelo Cepel, o sistema apresenta acesso padronizado, arquitetura modular e evolutiva e consolidação de dados históricos. Além disso, como esclarece o pesquisador Christian Ducharme, gerente do projeto, pode interagir com outros sistemas, tanto do Centro como de outros fabricantes, como por exemplo, SAGE (Sistema Aberto de Gerenciamento de Energia), SAP IU (Instância Única) da Eletrobras e CPC100 da OMICRON, aparelho bastante utilizado na área de manutenção de equipamentos.
De acordo com Christian, todas estas características fazem com que o DianE seja uma ferramenta valiosa na manutenção preditiva de equipamentos. Para ilustrar, o pesquisador cita dois casos, um em 2007, quando, ao subsidiar a retirada de dois transformadores de potência para inspeção na UHE Tucuruí, o sistema ajudou a evitar possível sinistro com perda total dos equipamentos – cerca de R$ 11 milhões cada transformador.
Mais recentemente, em 2016, o programa ajudou a evitar uma falha intempestiva em um transformador de conversão no Sistema HVDC do Rio Madeira. “Falha esta que poderia comprometer a segurança da instalação, acarretando perdas consideráveis, tanto para a Eletronorte como para o próprio Sistema Interligado Nacional”, comentou o pesquisador. Segundo ele, outra vantagem para empresas é a redução do prêmio de seguro para equipamentos de alta tensão, assim como ocorre com os seguros de automóveis, no caso de o veículo possuir um sistema antifurto. “Uma prova de que as seguradoras também confiam no Sistema DianE”, assinala.
Aplicação na Eletrobras e na Chesf
Andreia Leite, da Coordenação da Operação, Manutenção e Reforços da Transmissão da Eletrobras, participante do tutorial, falou sobre a dificuldade de lidar com a quantidade de equipamentos com final de vida útil a vencer ou já vencida. “Esse é o grande desafio da área de manutenção hoje. Vamos precisar de um plano de gestão de equipamentos para que haja uma troca ao longo do tempo, pois substituir todos de uma vez só, é impossível; demanda muitos recursos. O DianE vai nos auxiliar justamente no monitoramento sistemático e na gestão das informações, essenciais para superar este desafio”, pontua.
Para atender a esta demanda da estatal, a ferramenta dispõe de diversos plugins de análise capazes de evidenciar centenas de anormalidades nos equipamentos, como, por exemplo, arco elétrico, descargas parciais ou operação em sacrifício de vida. A partir daí, o sistema mostra quais equipamentos, na empresa ou em alguma localidade específica, têm maior evidência de defeito. Além disso, o DianE é capaz de fornecer uma lista ordenada dos aparelhos que, de acordo com todas as evidências de defeitos analisadas, correm maior risco de apresentar uma falha funcional.
O engenheiro eletricista Antônio Elias de Almeida Nogueira, do Departamento de Manutenção de Linhas da Chesf, comenta que também enfrentam dificuldades na questão de monitoramento e uso dos dados. “O programa será bastante oportuno para esse controle da base de dados da empresa. Os conhecimentos aplicados no treinamento irão nos auxiliar na coleta de dados de forma mais assertiva e robusta, embasando as decisões dentro da empresa”, afirmou.
Além de consolidar o histórico de ensaios periódicos, manutenções realizadas e monitoramento em tempo real de qualquer variável proveniente do SAGE, vale ressaltar que o sistema integra todas essas informações com seus algoritmos de análise, que utilizam inteligência artificial, como algoritmos genéticos e lógica Fuzzy, por exemplo, para realizar a avaliação completa e robusta da condição dos principais equipamentos que são utilizados em subestações e usinas. Além disso, o sistema está em constante evolução, conforme a necessidade das empresas Eletrobras.
Integração DianE-SCAn
A engenheira eletricista Gabriela Rêma, integrante da equipe do Laboratório de Diagnóstico em Equipamentos e Instalações Elétricas do Cepel, também participou do tutorial. Ela afirmou que a intenção é integrar ao DianE o sistema SCAn, em desenvolvimento pelo Centro para ensaios de caracterização e análise no domínio da frequência.
“As empresas poderão realizar o ensaio de resposta em frequência em seus ativos com o SCAn e incluir esses resultados no DianE. Além do histórico das medições, por meio de ferramentas de análise, o DianE poderá utilizar a técnica como mais um método de avaliação para o diagnóstico de falhas em ativos”, ressalta Gabriela.
Neste contexto, os pesquisadores Clayton da Mata, Marcela Pinheiro e Monique Benevenuto, que integram a equipe desenvolvedora da plataforma, acrescentam que o trabalho em parceria com outros laboratórios do Cepel vem se intensificando, possibilitando acrescentar novas funcionalidades ao sistema.