A parcela em dinheiro de R$ 2,7 bilhões que a Eneva pretende dispender para operação de agregação com a AES Tietê virá majoritariamente dos bancos. Em teleconferência de resultados com analista de mercado realizada nesta terça-feira, 24 de março, o diretor de relações com investidores da empresa, Marcelo Habibe, revelou que a intenção inicial era que esses R$ 2,7 bilhões viessem de debêntures após um empréstimo bancário, o que não acontecerá mais devido ao momento do mercado. A operação entre a empresas envolve um total de R$6,6 bilhões. Ainda segundo o executivo, o número de agentes financeiros também será mair e pulverizado, mas eles ainda não foram definidos. “Ainda não temos os contratos assinados”, avisa. A transação de agregação ainda depende do aval dos acionistas das empresas e de órgãos reguladores, como a Agência Nacional de Energia Elétrica e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica.
Na teleconferência, foi explicado ainda que a união das empresas vai resultar em uma geradora de 6,4 GW, em que 41% da carteira de ativos virá de fonte hídrica, 32% de Gás, 11% de eólicas, 11% de carvão e outros 5% de energia solar. Para o CEO Pedro Zinner, a fusão será benéfica para as duas empresas, uma vez que ela livra a Eneva dos riscos em exploração e Produção e AES Tietê do risco hidrológico. “A combinação dessas duas empresas resultaria em um portfólio com fontes diversificadas de geração, além de melhorar o equilíbrio e mercado regulado e livre, pela alta capacidade não contratada da AES Tietê”, disse. A nova empresa seria menos volátil nos resultados e com menos riscos de geração.
A crise deflagrada pela pandemia da Covid-19 deverá impactar nos canteiros de obras da Eneva. Segundo Lino Cançado, diretor de operações da Eneva, até o momento eles serão concentrados. Na UTE Jaguatirica, o indicativo é de atraso de cerca de 30 dias na fabricação das caldeiras das turbinas a vapor. As obras civis terminaram antes da estação chuvosa. Na UTE Parnaíba V, embora a maior parte dos equipamentos a serem entregues estejam confirmados, o atraso esperado é de 35 dias na entrega do LP Hood da turbina a vapor que é fabricado na China. Já o projeto Azulão, no Amazonas, não está com sinalização de atraso até o momento. Habibe não vê impactos que a pandemia possa causar nos contratos da empresa, já que eles são do mercado regulado, pulverizados entre distribuidoras e de longo prazo, mas advertiu que empresas descontratadas expostas ao ambiente livre podem ter problemas.