A mudança no perfil da carga provocada pela pandemia do novo coronavírus reduziu a necessidade de geração hidrelétrica na Região Sul, mesmo sem o acionamento de usinas termelétricas fora da ordem de mérito ou a importação de energia da Argentina e do Uruguai. Ainda assim, o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico manteve a autorização para a adoção de medidas excepcionais de atendimento à região, que ainda sofre com a escassez de chuvas. Elas incluem o aumento do intercâmbio de energia do Sudeste/Centro-Oeste, a geração de térmicas mais caras e a importação, caso seja necessário.

O CMSE realizou sua reunião mensal de avaliação das condições de atendimento ao Sistema Interligado nesta quarta-feira, 1º de abril. O tema da pauta foram os impactos da crise sanitária da COVID-19 do ponto de vista da operação, da regulação e da comercialização de energia.

Um dos aspectos destacados pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico durante a reunião foi a queda do consumo de energia nas atividades comercial e industrial e o aumento do consumo das residências, desde a decretação das medidas de isolamento social pelos estados. Com isso, o pico da demanda do sistema foi deslocado do período diurno para o noturno.

Em nota divulgada na noite de ontem pelo Ministério de Minas e Energia, o CMSE apontou como efeito positivo da retração do consumo, “em contrapartida aos efeitos negativos decorrentes da pandemia”, o aumento do nível dos reservatórios das usinas hidrelétricas, “ampliando a segurança do atendimento aos consumidores brasileiros tanto no cenário atual quanto futuro, após a retomada das atividades econômicas e crescimento do País.”

No mês de março, as chuvas ficaram acima da média histórica para o período nas bacias dos rios São Francisco, Tocantins e Paranaíba e abaixo da média nas demais bacias de interesse do SIN. As afluências também apresentaram valores acima da média em todas as regiões, à exceção do Sul do país. Os reservatórios equivalentes fecharam o mês em 51,3% no Sudeste/Centro-Oeste; 79,3% no Nordeste; 71,6% no Norte e apenas 17,2% no subsistema Sul.

Para abril, é esperado aumento no nível dos reservatórios em todas as regiões, à exceção novamente da Região Sul, onde deve atingir 16,9%. No restante do país, os reservatórios devem ficar em 57,5% (SE/CO), 88,2% (NE) e 78,3% (N).