Para o presidente do Conselho da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica, Rui Altieri, a solução dos problemas causados no mercado pela pandemia de Covid-19 deverá ser global para o segmento, sem diferenciação ou individualismos. Em conferência com jornalistas realizada nesta sexta-feira, 3 de abril, ele elogiou a conta-ACR, criada em 2015 para cobrir o rombo no caixa das distribuidoras causado pela crise hidrológica e que foi gerida pela CCEE. Segundo Altieri, ela tem tudo para ser boa neste momento, embora tenha garantido que a participação da Câmara em uma nova edição da conta depende de outros órgãos do setor, como o Ministério de Minas e Energia e a Agência Nacional de Energia Elétrica. A conta-ACR foi encerrada em 2019.

Caso a solução decidida seja um financiamento de bancos, a CCEE deverá operacionalizar o empréstimo. “Se formos chamados para ser o veículo para operar uma eventual conta-ACR, vamos fazer com o mesmo empenho e competência e vamos ter bons resultados”, afirma. Ontem foi realizada reunião entre Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil e BNDES, além da CCEE. Altieri confirmou a participação da câmara no encontro, mas disse apenas que está se buscando uma solução para a distribuidoras, sem confirmar se uma nova conta-ACR será criada. Ele também contou que a CCEE participa somente porque no passado viabilizou a operação da conta-ACR, mas que ela não influencia na construção da solução. Ele disse ainda que há um trabalho intenso do MME em prol de uma solução para as distribuidoras.

Altieri não acredita que a renegociação dos contratos nas liquidações seja problemática, pela dinâmica do próprio mercado. “Não acredito que vamos ter grandes problemas”, avisa. Ele revelou que renegociações ainda não chegaram formalmente na CCEE devido ao prazo, que só se esgota no próximo dia 13. Esse movimento deve começar logo, porque segundo ele, as renegociações estão sendo feitas agora e uma quantia razoável de contratos deverá ser alterada, mas com foco em abril, já que março teve 20 dias antes das mudanças provocadas. “O grande efeito será no mês de abril”, revela.

Segundo ele, deverá haver uma sobra de energia nos contratos, o que vai ensejar a revisão. Altieri lembrou que caso alguns mecanismos de segurança de mercado já estivessem em vigor, a situação seria mais confortável e que a área de monitoramento da CCEE está atenta.