A central nuclear de Angra recebeu na última semana cinco dos 15 módulos iniciais que irão integrar a Unidade de Armazenamento Complementar a Seco de Combustível Irradiado (UAS) da usina. Segundo a Eletronuclear, os cilindros serão preenchidos com concreto para fazer a blindagem radiológica dos canisteres, em que serão inseridos os elementos de combustíveis utilizados. Com o esgotamento das piscinas de Angra 1 e 2, previsto para 2021, a estatal pretende iniciar a transferência do material ainda este ano.

Serão ao todo 288 elementos combustíveis retirados de Angra 2 e 222, de Angra 1, o que abrirá espaço de armazenamento para mais cinco anos de operação de cada planta. O projeto ainda poderá comportar até 72 módulos, com capacidade para armazenar combustível usado até 2045. A UAS ficará localizada dentro da central nuclear de Angra, mas fora da área das usinas.

Os trabalhos para implementação da Unidade estão sendo realizados em duas frentes. A primeira é a instalação de modificações de projeto nas duas usinas. Em Angra 2, adaptações serão feitas na ponte polar e no semipórtico, até o fim de abril, pela Bardella, empresa contratada pela Holtec. Esta última supervisiona o serviço, que também conta com o acompanhamento de profissionais da Diretoria Técnica (DT) da Eletronuclear. Posteriormente, serão feitas modificações na ponte do edifício de elemento combustível de Angra 1.

Ao mesmo tempo, a Cardan Engenharia, outra companhia subcontratada, está efetuando as obras civis, também sob a supervisão da Holtec e fiscalização das equipes da DT, trabalho que segue até novembro. Até lá, serão feitas a concretagem da laje, a construção do almoxarifado e a instalação da cerca dupla, da iluminação externa e da guarita. Também serão instalados sistemas de monitoração de temperatura e radiação.

Todos os equipamentos da UAS – como canisteres, casco de transferência, carro de transporte de casco e os módulos de armazenamento restantes – chegam até julho. Em agosto, a Holtec realizará o treinamento do pessoal de operação e manutenção das centrais nucleares. Já em setembro, tem início o comissionamento da movimentação de transferência, que é feito sem elementos combustíveis irradiados. A transferência começa em dezembro por Angra 2.

Em tempos de coronavírus, a Eletronuclear afirmou estar tomando todas precauções para garantir a segurança dos profissionais envolvidos no empreendimento. “Aqueles que fazem parte do grupo de risco – tanto aqui quanto nas empresas contratadas – estão em esquema de teletrabalho. Já o pessoal da linha de frente está se revezando em turnos. O objetivo é minimizar ao máximo os riscos”, explica o superintendente de Engenharia de Projeto, Lúcio Ferrari.

Ferrari ressaltou ainda que as equipes estão trabalhando com dedicação, mesmo nesse momento de crise, para manter os prazos. “Também temos pessoas trabalhando de casa, aprovando e liberando documentos, para não atrasar as atividades. E estamos recebendo o apoio de todas as diretorias da Eletronuclear. Agradeço o esforço e comprometimento de cada um”, finaliza.