A Siemens aposta em uma modernização de seus transformadores para avançar no mercado de geração e de transmissão. O ponto inicial deu-se com a assinatura de um memorando de entendimentos com a Casa dos Ventos para desenvolver e fabricar os primeiros equipamentos dessa natureza digitais feitos pela companhia no Brasil. São duas unidades em produção e que deverão ser entregues em agosto para compor o parque Rio dos Ventos II (RN, 504 MW).
Essa é a primeira iniciativa da companhia para esse nicho de equipamentos que foi lançado mundialmente na feira de Hannover em 2019. A solução utiliza-se de um transformador comum com tecnologia de sensores embarcados e que são customizados para cada cliente da multinacional com soluções específicas para atender as particularidades de cada empresa, nesse primeiro caso, a Casa dos Ventos.
Chamado de Sensformer Advanced, a empresa destaca que é feita uma simulação virtual para coletar e analisar parâmetros operacionais de forma segura. De acordo com Luís Henrique Angélico, gerente de Projetos de Digitalização da Siemens Energy no Brasil, esses transformadores possuem um conjunto de sensores que proporcionam uma avaliação mais assertiva da vida útil do equipamento.
Ele explica que há ocasiões nas quais o operador precisa, por exemplo, utilizar mais do que a potência nominal do equipamento e não sabe qual é o impacto que essa ação traz na vida útil. Segundo ele, pode ser que haja alguma alteração nesse tempo ou não. Então, a empresa acaba por operar ‘no escuro’. A solução da Siemens promete indicar com mais precisão o real estado do transformador ao utilizar inteligência artificial com dados em tempo real baseados em modelos matemáticos, utiliza a nuvem para a análise de dados e a plataforma é aberta, não sendo necessária a utilização de outros equipamentos da companhia para que a solução possa ser aplicada.
Danilo Bezerra, CEO da área de Power and Distribution Transformers da empresa, afirma que o potencial de mercado é amplo, pode ser alcançado em todas as aplicações. Contudo, o segmento de geração como nesta primeira iniciativa, bem como o segmento de transmissão, tanto nos leilões quanto nos processos de modernização de ativos antigos são os mais prováveis de atendimento.
Segundo a empresa, essa opção não se aplica à modernização de equipamentos em operação e se refere apenas a novos, isso porque demanda inserção do sensores e a calibração do sistema que devem ser feitos em ensaios na fábrica não em campo. “O mercado a que se destina é para qualquer transformador novo, obviamente que o mais importante é entender a necessidade do cliente que tem que enxergar o valor dessa nossa solução em sua operação. A solução vai muito em linha com o avanço da digitalização do setor que estamos vendo e com uma frota a ser renovada, há um grande potencial”, avalia o CEO.
No nível de distribuição, a Siemens aponta que essa solução tem um alcance mais limitado. Mas admite que é possível seu uso diante o avanço da inteligência artificial e há ainda o uso no mercado industrial também.
Apesar das restrições por conta de distanciamento social causado pelo combate ao novo coronavírus, a empresa mantém a programação de entrega das duas unidades encomendadas. O CEO da divisão, Danilo Bezerra, comentou que o compromisso de entrega está de acordo com o cronograma, pois as unidades já estão em produção.
O complexo eólico Rio do Vento tem sua energia destinada para o mercado livre, o início de operação é previsto para julho de 2021, possuirá 120 aerogeradores em uma área total de quase sete mil hectares no RN.