Em live realizada pela FGV Energia na última quarta-feira, 16 de abril, o presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Junior, revelou que a crise causada pela Covid-19 ainda não afetou os contratos da empresa no mercado livre. Um terço do volume de energia gerada pela estatal está destinado para o ACL. De acordo com o presidente e da empresa, mesmo assim ela deverá estar pronta para negociar com clientes que se encontram em dificuldades, uma vez que isso faz parte da dinâmica do mercado. “Temos que ter a flexibilidade de fazer essas negociações com alguns consumidores que estão passando por essa crise “, avisa. Segundo ele, a estatal não teve nenhum caso de força maior, embora já tenham sido enviados manifestações de renegociação.

Ferreira Junior considera que o ACL é importante para o país, por ser o preferencial das grandes indústrias e pela chance de formar o produto para o consumidor, sendo um processo bilateral. Cerca de 80% dos contratos no mercado livre da Eletrobras estão negociados com comercializadoras e geradores e o restante com grandes consumidores. O executivo lembrou que a Eletrobras está garantindo a operações das suas usinas e que nesse período de confinamento o setor elétrico não registrou nenhum problema no seu sistema, garantindo o fornecimento de energia para todos. ele citou a redução em torno de 19% no consumo e o aumento de inadimplência, que com a abertura de lotéricas tende a melhorar.

Segundo o executivo, não haverá solução para a crise sem que todos os agentes estejam sentados à mesa. Ferreira Junior lembrou ainda que essa crise não foi originada no setor elétrico, como foi a do racionamento em 2001 e a da MP 579, em 2014. O presidente da Eletrobras considerou como fundamental a adimplência do setor e espera que o ministério defina uma solução que atenda todo o setor. “É fundamental que se mantenha o eixo do setor, que é a adimplência setorial e reconhecendo a dificuldade da distribuidora e tenha um instrumento para prover liquidez e ela poder ser adimplente em um período que ela está sobrecontratada e com inadimplência maior”, aponta.