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Um estudo da consultoria Rolando Berger sobre os efeitos imediatos e de médio e longo prazo da covid-19 no setor elétrico brasileiro aponta que em um primeiro momento os problemas estão centrados na questão do fluxo de caixa das empresas. No futuro, o que espera todos os stakeholders é uma série de desafios de médio e longo prazos que deverão ser abordados por soluções articuladas visando melhorar a eficiência e o valor das companhias.

O primeiro impacto, relata o diretor da Roland Berger Brasil, Daniel Martins, está no segmento de distribuição, que é a caixa arrecadadora do setor. O efeito primário mais direto dessa crise é a queda estimada em 4,4% no consumo de energia neste ano na comparação com o ano passado. Na projeção atualizada da consultoria o consumo de 2019 deverá ser verificado apenas em 2023. Crescimento ante 2019 somente em 2024.

Ao mesmo tempo deve ocorrer falta de liquidez e as dificuldades de pagamentos que essas organizações devem enfrentar com a inadimplência e redução de consumo deixam uma situação classificada como preocupante. Esse cenário decorre justamente dos efeitos econômicos e sociais da crise que podem se traduzir em uma queda mais estrutural no futuro.

Como consequência no médio prazo, disse o executivo em entrevista à Agência CanalEnergia, essa pressão deverá levar a uma limitação na capacidade de investimentos das empresas na modernização da rede que está em andamento. “Esses ativos necessitam, em menor ou maior grau, de aportes e essas medidas podem estar ameaçadas deixando o Brasil em uma posição mais atrasada ainda em relação a muitos mercados”, destaca ele.

Jorge Pereira da Costa, vice-presidente global da Roland Berger na prática de energia, lembra que, com a necessidade de ajuda às distribuidoras, a tendência de alta da tarifa pode levar a um aumento da migração ao mercado livre. O PLD baixo e o efeito da sobrecontratação das distribuidoras podem causar um novo efeito migratório. Outro efeito que ele destaca com o cenário é a postergação de investimentos em novas usinas, tanto por conta dos leilões quanto por parte dos investidores mesmo voltados ao ACL, este um pouco menos prejudicado. Contudo, geração distribuída e autoprodução encontram um campo favorável à expansão.

“A geração distribuída e a autoprodução certamente são as mais beneficiadas no médio e longo prazo”, avalia Costa. “No mercado livre a questão é um pouco diferente porque como o PLD baliza os preços no mercado livre, um valor mais baixo por muito tempo pode interferir na taxa de retorno dos projetos, por isso alguns podem não ser atrativos”, aponta.

Apesar disso, a Roland Berger estima que o ACL continuará a crescer com uma taxa média de 4,1% ao ano entre 2019 e 2025. Um índice que pode se confirmar caso o ACR veja um novo tarifaço.

No segmento de transmissão, o impacto está mais relacionado à expansão da oferta de energia que necessite de novas linhas para reforçar a rede. Com menor demanda por energia, a tendência acaba sendo por menor pressão por projetos dessa natureza.

No quarto grande segmento do setor elétrico, a comercialização, a previsão é de grande impacto por conta da redução das margens. Costa lembra que as comercializadoras deverão ter receitas menores com a redução do volume de energia consumida e função de uma importante parcela de seu faturamento da comissão nos contratos e relacionadas ao volume negociado. Se reduz o volume, cai a receita. Para o executivo, pode-se ver uma consolidação do setor e o surgimento de novos players relacionados ao setor financeiro.

As empresas brasileiras podem tomar como exemplo o ocorrido na Europa, onde o mercado tem margens mais baixas e isso força a naturalmente buscar mais eficiente na gestão do capital.

Na análise da consultoria o que é certo e pode ser afirmado no momento é que a crise deverá apresenta impactos profundos. A sua intensidade e duração ainda são uma incógnita. Como consequência a desvalorização de ativos pode aumentar a oportunidades de fusões e aquisições, principalmente para aquelas organizações que se mostrarem mais resilientes à crise que é global e é sanitária e econômica.