O impacto de cerca de 30 dias desde que as primeiras medidas de distanciamento social e fechamento de atividades não essenciais para combate ao novo coronavírus é da ordem de 24%. Esse é o número que a Neoenergia, a primeira grande empresa a apresentar os resultados do primeiro trimestre de 2020 aponta, considerando os 10 últimos dias de março, quando iniciaram as ações, mais 20 dias de abril.
De acordo com Eduardo Saiz, diretor executivo de Controle Patrimonial e Planejamento, 12% desse impacto refere-se à queda do consumo que reduziu a receita da empresa nesse período e a outra metade por conta na inadimplência no período. Ambos trouxeram a redução do fluxo de caixa para a empresa. Contudo, avalia que a tendência é de redução desse impacto ao passo que a empresa vem adotando novas medidas como a opção de pagamento da conta via cartão de crédito e as perspectivas de retomada de atividades que estão previstas para as próximas semanas, caso sejam confirmadas.
“Os últimos dias de março foram os piores, depois vimos a estabilização desse impacto com as alternativas colocadas ao consumidor para o pagamento da conta. Além disso, a  MP 950 que traz o pagamento a conta do baixa renda que foi elevado até 220 kWh ao mês será boa para nós, pois elimina uma inadimplência”, acrescentou.
A referida medida provisória estabeleceu as diretrizes para que o segmento de distribuição possa receber auxílio por meio de um mecanismo similar à conta ACR e que vem sendo chamada de conta-covid. Na avaliação da diretora presidente adjunta, da Neoenergia, Solange Ribeiro, a estimativa é de que em até duas semanas já se tenha uma visão mais clara sobre o tema com o decreto que regulamenta o tema. Nessa mesma MP está a destinação de R$ 900 milhões do Tesouro Nacional para pagar a conta de energia dos consumidores cadastrados como baixa renda por três meses.
O diretor presidente da Neoenergia, Mario Ruiz-Tagle, lembrou que a reabertura de lotéricas deverá ter impacto importante na questão da inadimplência, uma vez que a rede tem importância grande quanto à forma como os consumidores pagam a fatura. Com essa opção aberta, disse que a tendência é de redução. “Entendemos que o histórico do cliente é de bom comportamento. No Nordeste, principalmente, o consumidor é preocupado com o pagamento”, ressaltou ele em teleconferência de resultados da empresa.
Segundo o executivo, a empresa trabalha com um horizonte de três meses de duração da crise. E aponta que quanto mais rápido terminar as restrições e mais rápida a retomada o impacto será minimizado. Comentou ainda que os números deverão ser mais pressionados justamente neste trimestre.
Por enquanto, disse, os investimentos estão mantidos, inclusive citou que a companhia está acelerando os aportes, uma vez que se posicionam como um agente relevante no setor elétrico brasileiro. Até porque, lembrou ele, as atividades continuam, as pessoas estão consumindo energia, citando o número de 244 mil novos clientes que a companhia agregou ao longo do primeiro trimestre.