Nesta quinta-feira, 30 de abril, estava marcado o Leilão de Energia Existente A-4 e A-5 para a fonte térmica, cuja meta era a de substituir contratos que vencem a partir de 2023. Com a pandemia veio o crise e o adiamento dos certames, assim como o de energia nova e de transmissão. Na avaliação do presidente do conselho de administração da CCEE, essa é uma segunda oportunidade para o Brasil viabilizar a introdução de usinas mais baratas, de por exemplo, CVU de até R$ 300/MWh.
Em sua análise o país ganhou essa possibilidade, pois ainda não há um horizonte de quando será realizado essa disputa e que por isso temos tempo para introduzir mais essa mudança no certame. Essa alteração deveria vir por meio do Ministério de Minas e Energia e da Empresa de Pesquisa Energética.
“Dando a sinalização hoje os agentes podem modernizar as plantas. Se o leilão fosse hoje, como estava agendado, não teríamos essa oportunidade, então temos que aproveitar. Certamente essas questão deve ser enfrentada para a modernização da matriz ao colocar a limitação”, explicou ele durante sua participação na edição especial do Agenda Setorial 2020, evento promovido pelo Grupo CanalEnergia – Informa Markets por meio da internet.
Silva destacou que essa medida mudaria sensivelmente a dinâmica da operação. Cálculos feitos pela CCEE aponta que o PLD poderia ficar em um patamar 20% a 30% menor.
Aparentemente a ideia de ter geração térmica mais barata ganha ressonância entre as demais autoridades do setor elétrico. Um dos que concorda com essa avaliação é o diretor geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico, Luiz Eduardo Barata, que deixará o cargo no dia 17 de maio por término de seu mandato. Ele, que já esteve tanto na CCEE quanto no MME, comentou bem humorado que térmicas de CVU baixo são o sonho de qualquer operador.
Por sua vez, o presidente da Empresa de Pesquisa Energética, Thiago Barral, ressalta que considera esta sim uma janela de oportunidade boa, destaca que a visão de planejamento da EPE considera que térmica cara é aquela que não tem sintonia com o que o sistema elétrico precisa, mas que nem sempre CVU baixo é sinônimo de custo baixo, depende de seu nível de flexibilidade. Lembra ainda que o processo de modernização afetará esse segmento sim, que a aplicação dos novos formatos de aferição do sistema dá a sinalização a necessidade do sistema como um todo, e ainda, qual deverá ser o conjunto de soluções que endereçam a melhor configuração para o setor.
“Essa matéria se insere num contexto amplo, flexibilidade e CVU baixo é a chave para as térmicas e para um sistema mais competitivo como um todo”, destaca.
O diretor geral da Agência Nacional de Energia Elétrica, André Pepitone, ainda lembrou que a autarquia vem num caminho que passa ainda pela descontratação de térmicas caras. Um passo foi dado ainda nesta semana quando se analisou um pleito entre a Ceron, concessionária que atende ao estado de Rondônia, e a Termonorte. Essa ação, disse ele, pode ser em um segundo momento uma possibilidade, ainda mais no Norte e com impactos importantes na tarifa ao desonerar a CCC, a maior parcela que compõe a CDE.
“Antecipar o vencimento dessas térmicas e a sua descontratação deve ser fruto de diálogo, algo que já foi iniciado com a Abraget”, apontou Pepitone.