Setor imediatamente afetado pela crise de Covid-19, a distribuição brasileira deve registrar impacto financeiro de cerca de R$ 17 bilhões este ano com a pandemia, somando a inadimplência e a redução de mercado. No webinar “Agenda Setorial 2020 – O impacto do Covid-19 no setor e as sugestões dos agentes para mitigação dos impactos”, realizado nesta quinta-feira, 7 de maio, pelo Grupo CanalEnergia/Informa Markets, o presidente da Associação Brasileiras das Distribuidoras de Energia Elétrica, Marcos Madureira, revelou que a inadimplência, que historicamente é de 3%, chegou a casa dos 15%.
O governo e a agência reguladora trabalham na criação de um mecanismo que mitigue o impacto financeiros nas concessionárias, uma vez que elas são consideradas o caixa do setor, já que da tarifa sai o pagamento para a geração e a transmissão. Ainda segundo o presidente da Abradee, a intenção é que essa conta não seja igual a conta-ACR, onerando a tarifa do consumidor. Uma das alternativas é que o valor do CVA seja adiantado e a distribuidora conseguiria ter dinheiro. Caso esses recursos cheguem aos R$ 5 bilhões, deixaria o buraco em R$ 11 bilhões. Outra hipótese é o uso de fundos setoriais para auxiliar as distribuidoras. “Queremos passar por essa crise e ter condições de manter a integridade dos contratos”, avisa. Madureira espera que a solução da conta deve sair nos próximos dias, ainda na primeira quinzena de maio.
Para ele, ter recursos que possam permitir que os compromissos que existem no setor possam ser mantidos é fundamental. Ele lembra que as estratégias apresentadas devem ser colocadas em prática, de modo que todos os segmentos participem. Madureira citou ainda a proposta encaminhada para a Aneel com a Abrace sobre a diferença entre a demanda medida e a contratada dos consumidores. A conta-covid é usada na proposta.
Filipe Soares, diretor da Associação dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres, ressaltou a incerteza que a crise traz. Segundo ele, no racionamento de 2001 a queda no consumo da indústria foi recuperada no ano seguinte, assim como na crise de 2008. Dessa vez, o setor está registrando perdas desde 2014, o que dificulta a recuperação. “Ainda não saímos dessa crise de 2014. O vetor é de queda”, aponta. Para Soares, a proposta encaminhada à Aneel é prioritária para preservar os caixa das empresas. A agência pediu vista e ainda não decidiu. “Não é demanda de graça e sim um diferimento no pagamento para preservar o caixa das indústrias e permitir a retomada da capacidade de industrial”, conclui.