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Um estudo realizado pela consultoria Kearney estima que a demanda possa apresentar queda de até 18% este ano. Além disso, dos três cenários apresentados, o país deverá passar por um ambiente de sobregeração em 2020 em dois deles. Apenas em um o país tem uma oportunidade para recuperar o nível de reservatórios já que a geração térmica, desde que começou a crise, tem sido feita por aquelas centrais que declaram inflexibilidade.

Um dos pontos que a consultoria destaca é que a elasticidade histórica de energia em comparação ao PIB do país é da ordem de 3 vezes. No relatório Focus do Banco Central no início de abril havia uma expectativa de queda de 3% do PIB, ou seja, com essa base, a retração seria da ordem de 9% ante o ano passado.

Porém, o sócio da Kearney, Cláudio Gonçalves alerta que esse impacto pode ser maior, depende da duração do isolamento social imposto. No cenário chamado de Conservador aponta a crise com restrições totais até final de junho. Contando sete semanas, a queda do PIB pode ficar em 6%. Neste caso o consumo recuaria 18% ante o ano passado. A sobreoferta nesse cenário tem origem no excesso de oferta térmica e hidrelétrica. A cada semana o cálculo aponta um impacto médio de redução de 0,4% na economia.

No cenário intermediário, com isolamento até final deste mês, a consultoria chamou de cenário Base. Neste, a projeção é de queda de 4% para o PIB. Considerando a elasticidade da energia leva a uma retração de 12% na demanda e ainda há sobreoferta de energia com excesso de térmicas inflexíveis no sistema.

Por sua vez, no cenário Otimista, o isolamento duraria apenas um mês e com restrições parciais até setembro. Aqui a estimativa é de retração de PIB de 2% e de demanda na casa de 6% na comparação com o ano passado. Considerando estes dados estavam dadas as condições para que o país encontrasse o balanço equilibrado do SIN com a oportunidade de recuperar os reservatórios das UHEs enquanto as térmicas inflexíveis são despachadas.

Gonçalves reforça, contudo, que é preciso avaliar a extensão dessa crise e se o isolamento for encerrado cedo demais, se não levará a uma segunda onda do surto, o que poderia ser pior anda. Além disso, alerta para o fato de que se os números não reduzirem, podemos ter um cenário em que o nível de demanda passa a ser estrutural e não mais conjuntural, como é encarado esse momento.

Na avaliação da consultoria, a queda recente no preço da energia sugere que a crise será duradoura e transversal no setor elétrico. De acordo com dados baseados nos preços de 50 agentes mais ativos na comercialização de energia, os valores para o produto incentivado em contratos de longo prazo de 2021 a 2024, ou mais extensos, recuaram 8%, passaram de um patamar de R$ 210/MWh para pouco mais de R$ 190/MWh em um período de dois meses.

“Com a indústria e o comércio parando por um longo período o impacto na economia será mais pesado, mas se por outro lado, os números melhorarem, ainda é possível de ficarmos no zero a zero, se tudo correr bem”, comentou ele.

A consultoria diagnosticou o cenário com base no que ocorreu em países europeus. Em sua avaliação estas referências são similares ao que ocorre atualmente no Brasil. Foram utilizados como benchmark o comportamento de consumo, geração e preços verificados na Itália, França e Espanha.

Entre essas três regiões foram reportados aumento na geração hidrelétrica na casa 26%, 30% e 53%, respectivamente, enquanto a geração térmica recuou em 23%, 18% e 27%. Em relação a preços a comparação foi feita com base em PPAs de 3 e 12 meses. Em todos a queda mais expressiva ficou no de menor prazo, na faixa entre 26% a 36%. Já os acordos para um ano ficaram  11% mais baratos na Itália, 6% na França e 10% na Espanha.