A hidrelétrica Foz do Chapecó (RS/SC) reduziu o volume de água liberado por suas comportas de 160 m³/s para 150 m³/s desde às 8 horas desta sexta-feira, 15 de maio, até o próximo dia 21, data da próxima reunião da Sala de Crise, quando a medida será reavaliada pela Agência Nacional das Águas (ANA) e o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), que decidiram pela redução na última quinta-feira (14), no intuito de prolongar o armazenamento da barragem e melhorar as condições para os diversos usos hídricos na calha de baixo do rio Uruguai.

De acordo com a ANA, o teste de redução da defluência da UHE poderá ser interrompido caso sejam identificados impactos, especialmente para as captações de abastecimento público nos municípios de Itapiranga (SC) e São Borja (RS). Em 8 de maio aconteceu o primeiro teste, quando a vazão liberada pela barragem baixou de 200 m³/s para 160 m³/s sem que fossem identificados problemas para as captações em abastecimento das duas cidades. Retenções para agroindústria em Itapiranga e a travessia fluvial entre os dois estados também foram mantidas.

A usina fica localizada entre os municípios de Águas Chapecó (SC) e Alpestre (RS). Com uma potência instalada de 855 MW, capaz de atender a 25% do consumo de energia de Santa Catarina e 18% do Rio Grande do Sul, possui um reservatório que banha seis municípios catarinenses e seis gaúchos.

A reunião da Sala de Crise do Sul contou com cerca de 90 participantes representando órgãos gestores de recursos hídricos do Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina; órgãos federais; prefeituras; usuários de água para saneamento, navegação e indústrias; órgãos ambientais e do setor elétrico; além de instituições que realizam o monitoramento e previsão meteorológicos.

Em sua apresentação, o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) abordou a situação de seca generalizada na região, que acontece há meses. Além disso, foi mostrada a previsão de chuvas abaixo da média para as próximas semanas nas bacias dos rios Paranapanema, Iguaçu, Paraná, Jacuí e Uruguai.

Por sua vez, o ONS apresentou a situação do armazenamento dos reservatórios sulistas para geração, com as bacias dos rios Capivari, Iguaçu, Jacuí e Uruguai em armazenamento reduzido a menos da metade desde o início do ano. Entre 1º de janeiro e 13 de maio, os estoques hídricos caíram de 29,94% para 14,07%.

De acordo com o Operador, já existem dez hidrelétricas com a geração paralisada ou com operação intermitente por falta de água nas duas principais bacias do Subsistema Sul, dos rios Iguaçu e Uruguai. Nesses casos, os reservatórios operam somente para a manutenção de restrições ambientais ou de outros usos da água. Na bacia do Iguaçu, responsável por 47% do armazenamento, estão nessa situação os reservatórios dos aproveitamentos hidrelétricos Salto Osório (PR), Salto Caxias (PR) e Baixo Iguaçu (PR).

No caso da bacia do rio Uruguai, que possui 28% do armazenamento do Subsistema, os aproveitamentos de Garibaldi (SC), Campos Novos (SC), Barra Grande (RS/SC), Machadinho (RS/SC), Itá (RS/SC), Passo São João (RS) e São José (RS) também estão com a geração suspensa ou com operação intermitente em virtude da estiagem.