O vertimento da hidrelétrica Itaipu começou na madrugada desta sexta-feira, 22 de maio, acompanhado de uma chuva fina, mas muito bem-vinda para a região e o Rio Paraná, que vê seu nível normalizar após a ameaça da estiagem, a pior nos últimos 90 anos para o submercado Sul do país. A vazão da usina continua na média de 1,3 mil metros cúbicos de água por segundo.

As previsões meteorológicas apontam para mais chuva ao longo do dia, algo em torno de 40 e 60 milímetros. O volume é considerado ótimo para um único dia e deve contribuir para elevar a capacidade do rio em que a UHE está instalada. Já a abertura das comportas estava previsto apenas para o período da manhã, por volta das 10h, de acordo com a binacional.

A abertura do vertedouro é uma medida de socorro aos países vizinhos que sofrem impactos econômicos com a crise hídrica. A liberação de água permite escoamento da safra de grãos da Argentina e Paraguai e possibilitou emprego de mão de obra e transporte de mais de 150 barcaças, que estavam paradas por causa da seca do rio, por onde passa grande parte da produção agrícola dos países vizinhos em direção aos portos de Buenos Aires e Montevidéu, no Rio da Prata.

O vice-presidente do Centro de Armadores Fluviais e Marítimos do Paraguai, Juan Carlos Muñoz, destacou que a estiagem histórica prejudicou o transporte fluvial de 200 mil toneladas de soja produzidas nos departamentos de Alto Paraná e Itapúa, o equivalente a US$ 100 milhões em exportações.

“Foi um grande alívio e uma grande ajuda o fluxo de água que começou a liberar Itaipu”, comemorou Muñoz, em texto publicado pela imprensa paraguaia. “Tínhamos 152 barcaças paradas havia 50 dias por causa da baixa do rio”, completou.

Até o final da operação, no final de maio, Itaipu terá contribuído com uma defluência média diária de 8,5 mil m³/s, considerando vazão turbinada e vertimento, elevando os níveis do rio abaixo em cerca de três metros.