O projeto da Nova Casa Cepel ficou em primeiro lugar na Chamada Pública Procel Edifica – NZEB Brasil, que visa, dentre outros objetivos, contribuir para a construção de até quatro edificações do gênero em localizações estratégicas no território nacional. Assim como os outros três beneficiários da iniciativa, o Centro receberá R$ 1 milhão para execução da iniciativa, sob o conceito NZEB (Nearly Zero Energy Building), prevendo alta eficiência energética com geração distribuída a partir de fontes renováveis associadas e um balanço anual energético próximo de zero.

A previsão é de que o empreendimento seja finalizado até o primeiro semestre de 2022. O orçamento é estimado em R$ 2,2 milhões e a entidade informou que vem se empenhando junto a parceiros para obter o R$ 1,2 milhão restante para a Casa, que também será mais um espaço do Centro como braço técnico da Eletrobras no apoio às atividades do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel), como já acontece em seus laboratórios de Iluminação, Refrigeração e Motores.

Segundo o Procel, as edificações representam um dos grandes consumidores do setor elétrico, sendo responsáveis por aproximadamente 50% da demanda total no país. Logo, a promoção de NZEBs vem ao encontro de estudos de políticas públicas para sua implementação em maior escala, trazendo benefícios sociais na redução de emissões de carbono, além de contribuir para a transição para uma matriz energética mais sustentável.

Esse tipo de empreendimento tornou-se factível no Brasil a partir das Resoluções Normativas da Aneel n° 482/ 2012 e n° 687/ 2015, que estabeleceram condições gerais para o acesso de microgeração e minigeração distribuída aos sistemas de distribuição. A disseminação do conceito, já adotado em diversos países, permitirá que a indústria da construção civil brasileira volte sua atenção para este tipo de construção.

O diretor-geral do Cepel, Amilcar Guerreiro, disse acreditar que a Nova Casa repetirá a história de sucesso da Casa Solar, construída em 1997 no país com a finalidade de demonstração de tecnologias de eficiência energética e de geração renovável. “Foram mais de 20 mil visitantes em 20 anos, contribuindo para a difusão de conhecimento, formação de profissionais e desenvolvimento de pesquisas tecnológicas na área”, salienta, acrescentando que a entidade busca  parcerias para realizar novas iniciativas.

 

Tecnologias experimentais, experiências virtuais e integração

O projeto foi elaborado em parceria com a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (FAU/UFRJ), por meio de um convênio firmado entre o Centro e a Fundação Coppetec/UFRJ. A construção prevê dois blocos principais: auditório e sala de demonstração, unidos por uma cobertura e área de circulação dos visitantes. Sobre a sala de demonstração ficará o arranjo fotovoltaico de 18,4 kWp, que gerará toda a energia para a casa.

A pesquisadora do Cepel e gerente do projeto, Marta Olivieri, explica que além de ser arquitetonicamente atrativa, a proposta para uma atmosfera interdisciplinar, apresentando diferentes conteúdos de forma vivencial.

“Esperamos que seja usada para contribuir para a formação profissional e para a integração entre comunidade científica, sociedade e agentes governamentais e privados”, comentou, afirmando que a configuração deve permitir a demonstração de conceitos e tecnologias comerciais de equipamentos nas áreas de eficiência energética e de GD, bem como de técnicas da arquitetura bioclimática.

Segundo o pesquisador André Tomaz de Carvalho, a edificação possuirá um sistema de aquisição de dados e controle de equipamentos baseado em Internet das Coisas (IoT), tomadas elétricas com IP e luminárias com sensores, além de outros equipamentos elétricos com possibilidade de sistema de controle inteligente embarcado. “A ideia é que este SAD (Sistema de Apoio à Decisão) seja desenvolvido especificamente para a casa NZEB como parte do sistema SOMA, sistema de gestão de ativos do Cepel”, pontua.

A partir dos dados de monitoramento obtidos através do SOMA, processos de automação serão desenvolvidos para discussão posterior, no âmbito de projetos de P&D. A Casa poderá também simular diversos modelos de negócio voltados a preparar o consumidor para a evolução do setor elétrico, inclusive com experiências virtuais para disseminar o conceito de interconectividade dos serviços de uma Cidade Inteligente.