Uma janela de oportunidade para fusões e aquisições deverá ser aberta no setor elétrico após a crise do Covid-19, disseram executivos de grandes corporações do mercado de energia, durante webinar promovido pela Delta Energia nesta quinta-feira, 28 de maio. A análise é de que nem todas as empresas existentes suportarão os desequilíbrios econômico e financeiro causados pela pandemia.
A crise do novo coronavírus provocou uma brusca redução no consumo de energia do país. A previsão oficial é de queda de 3% neste ano em relação a carga de 2019. Adicionalmente, com as mudanças na expectativa de crescimento da economia brasileira, cerca de 4,9 GW de demanda sumiram do horizonte até 2024.
A crise também provocou aumento da inadimplência setorial e redução de mercado, com a consequente perda de receita. Outro efeito colateral são as investidas de agentes que tentam descumprir contratos, com alguns casos chegando a via judicial com base em cláusulas de força maior e caso fortuito.
“O setor de energia está onde está graças ao respeito aos contratos”, defendeu Ricardo Lisboa, sócio-fundador do Grupo Delta Energia, empresa que atua em vários elos do setor elétrico. A preservação dos contratos, aliás, foi reforçada por todos os executivos presentes na reunião realizada pela internet.
Segundo Eduardo Sattamini, CEO da Engie Brasil, por seleção natural, só os “fortes ficarão”. Ele explicou que empresas bem contratadas terão mais força para atravessar a crise. Citou como qualificadores as corporações que têm como contraparte clientes com capacidade de crédito e solidez financeira.
João Carlos Mello, presidente da Thymos Energia, afirmou que “é evidente” que vão surgir oportunidades de M&A, pois “nem todo mundo vai aguentar esse solavanco após a crise”.
“Acho que o João está certo, deve aparecer oportunidades pelo caminho por causa de empresas que não conseguirão carregar essa situação”, concordou Karin Luchesi, vice-presidente de Operações de Mercado da CPFL Energia.
Evandro Leite Vasconcelos, vice-presidente de Geração e Comercial da CTG Brasil, disse que os chineses têm muito interesse em continuar investindo no Brasil e que a companhia estuda uma “entrada mais forte no setor de energias alternativas, em especial solar e eólica”.