A Eletrobras projeta uma inadimplência de R$ 133 milhões no mercado livre para o período de maio a dezembro por conta dos impactos da pandemia de covid-19. Esse valor representa algo como 1% dos contratos que possui no ACL. Nesse ambiente a empresa possui 30% da receita, a maior parte está no mercado regulado, com 70% do total e que está protegida mesmo com a crise atual pela conta covid.
O diretor de Geração da empresa, Pedro Jatobá, afirmou que a companhia foi notificada por consumidores livres e que vem negociando. No primeiro trimestre a companhia afirmou que não teve pedidos por parte desses clientes, por isso a previsão de impacto se dá a partir de maio. “Estamos negociando com esses clientes o diferimento com compensação dentro do período contratual com o objetivo de amenizar qualquer impacto econômico”, disse o diretor em teleconferência de resultados da empresa referente ao primeiro trimestre de 2020.
A empresa, contudo, viu inadimplência vinda da sua ex-distribuidora, a Amazonas Energia. O presidente da estatal, Wilson Ferreira Júnior, destacou que a companhia já vinha apresentando dificuldades e que a situação da covid-19, que levou a redução de mercado e inadimplência, acabou por agravar a situação. E que por esse motivo a chegada dos recursos da conta-covid deverá ajudar aquela concessionária a quitar o compromisso com a ex-controladora. Os valores não foram informados mas refere-se a parte de dívida assumida com a Eletrobras no processo de privatização e atraso do pagamento de contratos de compra e venda de energia com a geradora local a Amazonas-GT.
Ferreira Júnior elogiou o estabelecimento do mecanismo da conta covid como uma forma de atribuir mais fôlego ao setor como um todo por promover liquidez ao que se convencionou em chamar de “caixa do setor elétrico”, as distribuidoras. “A Eletrobras é uma grande beneficiada, pois temos 70% de nossa receita no ACR e como há a necessidade de não haver inadimplência intrassetorial para as distribuidoras que são auxiliadas, temos a perspectiva de não termos redução de contratos ou inadimplência”, avaliou ele.
Sobre o processo de capitalização da empresa, que ficou para 2021, o executivo disse estar otimista com a agenda do Congresso Nacional para o segundo semestre que deverá avaliar o projeto que permite a venda. Ele afirmou que esse posicionamento tem como base o que vem ocorrendo nas bolsas asiáticas e mais recentemente na Europa. E diz ainda que a perspectiva econômica futura da empresa é de longo prazo e que esse fator é importante para a atração de investidores externos no processo.
Outra frente ainda é a venda de participações acionárias que a Eletropar possui em outras empresas do setor elétrico. Mas, lembrou que assim como o mundo, o valor de mercado das companhias recuou diante da pandemia e que é necessário aguardar para a recuperação dos valores para poder voltar ao mercado com esses ativos. “Estamos recuperando valor e no momento certo ao preço certo seremos vendedores de posições, não há nada definido, mas é parte da estratégia”, finalizou ele.